quarta-feira, 29 de junho de 2022

Aos 81 anos e na ativa, acordeonista Rose Altomare se apresenta no Rio

 Evento homenageia Adelaide Chiozzo, rainha do rádio e uma das referências do acordeom


Rose Altomare. Divulgação. 

“Uma Viagem Musical”. O título do espetáculo onde a acordeonista, compositora, escritora e poetisa Rose Altomare se apresenta, em 2 de agosto, em Ipanema, Rio, tem tudo a ver com a trajetória de vida da artista.

Idealizado pela produtora musical e ex-BBB, Cida Moraes, o show homenageia Adelaide Chiozzo. “Musa inspiradora” de Rose, ela é ícone da MPB, cantora da era de ouro do rádio brasileiro, atriz e acordeonista — falecida em 2020, aos 88 anos — que, assim como Rose, interessou-se pelo acordeom muito jovem.


Cantora e acordeonista paulista, Chiozzo fez sucesso com a música"Beijinho Doce". Foto: Reprodução/TV  


As coincidências não param por aí. Foi com Chiozzo que, aos nove anos, Rose se deparou, quando, na companhia dos pais, foi a uma festa que contou com a apresentação da acordeonista. “Ali, fiquei encantada com o instrumento e a elegância do desempenho da Adelaide” — lembra.



Chiozzo em O Cruzeiro, 1957
http://memoria.bn.br/

Empolgada, à ocasião, a poetisa pediu aos pais para estudar acordeom — o que era atípico para uma menina da época. Após ter aprendido piano, Rose fez o curso do instrumento preferido no Conservatório de Música de Niterói, cidade onde nasceu, e estudou, também, na Academia do Acordeom Mário Mascarenhas, no Rio. Com pouco tempo de dedicação, Rose “já tocava algumas valsinhas”.




Casou-se com um músico e, durante um período da vida, passou a tocar em festas familiares: enquanto o marido cantava, ela tocava acordeom. Após o falecimento do companheiro, a artista passou por um longo período de tristeza. Aposentou-se e “através da espiritualidade”, encontrou forças para prosseguir. “Fui tentando recomeçar. Gravei minhas composições — 10, no total. Uma delas é religiosa e dedicada à igreja messiânica onde frequento” — destaca a musicista.


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“Uma Viagem Musical”

2 de agosto, terça-feira, 20h

Teatro Cândido Mendes: Rua Joana Angélica, 63, Ipanema, Rio de Janeiro

terça-feira, 28 de junho de 2022

Inspirado na paisagem de SP, Gabrielz revela inquietude criativa em ‘4 Pontos Cardeais’

 Clipe foi gravado em quatro pontos diferentes do centro da cidade

"Não é sentado em um sofá, num dia de domingo, que eu encontro a minha paz". A frase de ‘4 Pontos Cardeais’ — novo single e clipe, de pegada pop e dançante, do cantor e compositor paulistano Gabrielz, resume a forma particular pela qual cada artista encara o seu processo criativo. Inundados por informação, o desafio da humanidade e de músicos como ele é extravasar o que se sente, independentemente dos apelos por atenção das redes sociais e da vida acelerada que levamos, atualmente.


Foto: Spotify


Tais fatores atrapalham, de fato, quem prioriza trazer alguma mensagem ao público, na guerra por atenção da Internet. Este é o caso de Gabrielz, que já deixou de escrever pelo menos “algumas dezenas de músicas”, e hoje canaliza o que pode lhe inspirar, ignorando o resto. “O lampejo da criatividade, às vezes, vem como uma bomba de ideias que explode na cabeça. Transformá-lo em uma música completa é algo que gera um valor para qualquer artista” - reflete.

Gravado em quatro diferentes pontos do centro de São Paulo — em frente ao Theatro Municipal, na Ponte do Anhangabaú e dentro do Sesc 24 de Maio -, o clipe de ‘4 Pontos Cardeais’ se reflete numa música que interage e se inspira no município. “Eu sempre amei a estética daqui. Impressiono-me muito com a iluminação, o clima urbano, a correria, o grafitti e toda a multicultura que a cidade oferece. Claro que eu estou considerando somente pontos conhecidos: o que também me inspirou a compor a música ‘As Luzes dessa Noite’” — destaca.



 

Trajetória

Desde pequeno, Gabrielz sempre gostou de música. Em seu acervo de família, constam fotos dele, aos dois anos, empunhando um violão de brinquedo. “Quando eu era criança, ficava me imaginando em clipes e inventando músicas no inglês ‘emblomation’” — lembra.

Entre os 11 e os 14 anos, ele dividiu o amor pela música com o futebol. Fez algumas peneiras, mas não passou — “o Corinthians perdeu um grande atacante” — brinca. Repetiu a oitava série do primário: o que determinou o seu caminho de vez para a música. “No ano seguinte, comecei a andar com a galera que curtia rock e era meio excluída, na escola. Influenciado por esses amigos, comecei a tocar violão, guitarra e segui na música até hoje”.


Chico Science. Foto: letras.mus.br



Dentre suas principais influências, Gabrielz destaca que escuta “muita coisa mesmo, sem restrição de gênero”. De Raul Seixas, passando por Chico Science; Chorão; Layne Staley (Alice In Chains); Chris Cornell (Soundgarden, solo e Audioslave); Eminem; Seu Jorge; Scott Weiland (Stone Temple Pilots e Velvet Revolver); Marcelo D2; Rita Lee; Cássia Eller; Djavan; Lenine e muitos outros. “Posso passar a tarde toda aqui, listando”.

Ouça ‘4 Pontos Cardeais’ aqui.   

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Novo single de Pedroca, “Pode Piorar” é um grito de alerta para a humanidade

 Música chega às plataformas digitais após a estreia de “Psicodelia


Foto: Gabriel Forgerini





O single de “Pode Piorar”, do cantor e compositor paulista Pedro Cerruti, o Pedroca, mescla sonoridades dele com as de sua produtora, Vivian Kuczynski. Foi dela a ideia de teclados que dão um ar soturno a uma mensagem que é, ao mesmo tempo, uma forma de desabafo pessoal e um alerta para que o mundo mude os rumos da rota que está seguindo, numa grande colagem de referências musicais que permeiam diferentes subgêneros e exploram repertórios coletivos.

 

“Fiquei muito fascinado por todas as diferentes texturas que estávamos explorando. Os teclados, por exemplo, foram ideia da Vivian e eu imediatamente soube que deveríamos manter” — destaca.

 

‘Não me empurra que eu já tô na beira do penhasco




 

A proposta do single destoa do clima “alto astral” preconizado pelo universo da música pop, de uma forma geral. A letra de “Pode Piorar” constata algo irrefutável, que vem de fato ocorrendo, no Brasil e no mundo, nos últimos anos. Com pandemia, seguida de guerra, fome e inflação, a vida só piora. No momento em que compôs a música, tudo ia de mal a pior para Pedroca, que, de certo modo, sabia estar longe de ser o único a ver tudo ao redor desmoronando:

 

“Enquanto escrevia a música, optei por não dissociar tanto minha experiência pessoal da nossa, coletiva, enquanto cidadãos brasileiros e do mundo”.

 

Para o artista — que passou longos anos da adolescência ouvindo Lana Del Rey cantar sobre vícios e relacionamentos problemáticos —, na última década, o discurso da indústria avançou muito. O músico destaca que, agora, é possível ver artistas mais jovens, como Billie Eilish e Olivia Rodrigo, falando sobre sentimentos profundamente ácidos, em uma plataforma mainstream, e que, agora, “já estamos mais acostumados em falar sobre o que existe de não tão positivo na vida”:

 

“Soa muito natural para mim. Afinal, acredito que já temos músicas o suficiente sobre o amor e as coisas bonitas. É preciso que alguns de nós cantemos sobre o resto”.


Ouça aqui

 


segunda-feira, 20 de junho de 2022

Imortalizada na voz de Marina Lima, Nanny reinterpreta "Não Sei Dançar"

Artista, que lançará álbum em setembro, está soltando singles e clipes aos poucos

  

Nanny. Foto: rede social



Imortalizada na voz de Marina Lima, a música “Não Sei Dançar”, de Alvin L., ganhou nova roupagem com a cantora Nanny (confira abaixo o vídeo, dirigido por Rabú Gonzales). Cartão de visita da artista, o arranjo foi criado pelo guitarrista Gilber T, que contribui, também, em duas canções autorais do álbum dela, “Crisalida” — a ser lançado, por completo, em fins de setembro, em todas as plataformas digitais.





 

 

“Sinto-me honrado por contribuir nos bastidores, fazendo música sem ver a quem e tendo liberdade para  pirar. Tem muita energia criativa nesse trabalho” — comemora Gilber. 



Gilber T. Foto: rede social. 


 

 

Mais nova aposta da gravadora Deck Disc, Nanny está soltando, aos poucos, alguns singles - todos com clipes. Ela escolheu “Não Sei Dançar” porque a letra a remete às coisas que também escreve. “Identifiquei-me muito com a forma simples, mas inteligente, dessa música incrível de Alvin L, com aquela pegada mais melancólica” — ressalta.


 

Marina Lima. Foto: Sergio Santoian

 

Nanny tem muitas influências de música popular brasileira. Mas, sempre que a perguntam sobre sua maior referência, não titubeia: Elis Regina. “Sempre consumi muita música, desde pequena, e Elis faz parte disso. Vejo-me muito no que ela era e até hoje significa. Como se impunha e se expressava, não só nas canções que interpretava, mas em suas opiniões convictas sobre política ou na vida pessoal, torna-a uma personalidade incomparável!” — lembra.


 

Elis Regina. Foto: wikipedia. 

 

Segundo a cantora, o nome do seu álbum, que está por vir, “Crisalida”, refere-se ao estágio em que a borboleta, já transformada, está pronta para sair do casulo. “Isso significa muito para mim, porque é uma fase de total renascimento para a minha arte”.

sábado, 18 de junho de 2022

Mochila nas costas, saxofonista brasileiro Marcelo Cucco celebra 10 anos de música itinerante

  

Músico realiza live no Instagram na próxima quinta (23)


Divulgação


 

Em comemoração ao aniversário de 10 anos de música itinerante mundo afora, o saxofonista Marcelo Cucco realizará, em seu Instagram (@cucco_marcelo), uma live para celebrar o feito. A ideia é compartilhar experiências, práticas e técnicas básicas do instrumento. O evento será na próxima quinta (23), entre 9h e 15h30.  

 

Cucco sempre gostou de vivenciar sua musicalidade como um mosaico de ecléticas experiências, antes mesmo de fazer licenciatura em música na UniRio. A Universidade, aliás, ajudou-o a obter técnicas para entender composições e elementos teóricos; mas, para o instrumentista, nada disso teria muito valor ou sentido se ele não tivesse se lançado para o mundo e aplicado tudo isso em contextos musicais diferentes de tudo o que se escuta na indústria ou na cidade onde ele vivia (Niterói, RJ). “Música é uma linguagem viva e presente em todos os povos” – analisa.  

 


Autônomo e independente, como instrumentista, o artista segue tendências atuais, ao lançar mão da tecnologia para realizar trabalhos eletrônicos, programando as próprias bases. Com a crise econômica global, o valor da contratação de bandas ficou mais cara para músicos e empresários, no Brasil e no mundo. Neste sentido, Cuco vem “tocando com outros artistas e ou bandas apenas em jam sessions”.


Psicotaxis. Foto: rede social


Multifacetado, o saxofonista, que passou por países da América do Sul e da Europa, hoje mora na Inglaterra; e pretende visitar o Brasil em breve. “É o que desejo todos os dias. É um dos lugares mais diversos do mundo e que deu base para todas essas vivências internacionais que tenho hoje” – exalta Marcelo Cuco, que, aqui no país, passou por bandas como Dedos em Som e Psicotaxis.


Saiba mais sobre o evento aqui

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Selo musical realiza intercâmbio entre o Brasil e outros países da AL

 Cantores del Mundo é administrado pelo cantor, compositor e guitarrista Arthus Fochi  

 

Filho de mãe brasileira e pai paraguaio, o cantor, compositor e guitarrista carioca Arthus Fochi (foto) é bilíngue de berço e em sua própria forma de fazer música. Rompendo a “fronteira” cultural entre o Brasil e outros países da América Latina, no seu disco, "Suvaco do Mundo", há faixas em ritmo de Candombe afro-uruguaio - estilo musical que tem uma história parecida com a do samba brasileiro. Ele gravou as canções em português e chega a ouvir comentários de pessoas que nunca haviam escutado aquela sonoridade uruguaia, cantada no nosso idioma. E é justamente essa perspectiva do novo e a possibilidade de se criar novos ritmos e linguagens que o encantam. Foi com esse espírito que Fochi ampliou ainda mais o seu leque musical. Reunindo um acúmulo de narrativas semelhantes de países que têm ritmos e história – de escravidão e colonialismo – muito similares, passou a dirigir, em 2015, o selo musical/gravadora Cantores del Mundo, criado em 2008 por Tita Parra, neta da folclorista chilena Violeta Parra. 


Divulgação


Com nome alusivo à música "A los cantores del mundo", de Tita - dedicada a Victor Jara, cantaudor popular morto na ditadura chilena -, a ideia do selo corrobora com a vivência e o desejo de Fochi, de juntar grandes inspirações, culturas e amigos. Para o artista, apesar de algumas similaridades sonoras, o Brasil ainda é isolado culturalmente. “Pela proximidade com o Uruguai e a Argentina, o sul do nosso país bebe da mesma fonte musical da pampa. Lá, toca-se Milonga, Chamamé, Guarania e outros ritmos. A música me remete a uma época em que não havia fronteiras. É assim que imagino o futuro” – vislumbra Fochi.

 

Conviver com a juventude chilena sempre me encheu de inspiração’

 

A verdade é que, por influência familiar, Fochi já ouvia a sonoridade de muitos dos nossos hermanos em casa. Mas começou a estudar com mais profundidade a música hispano-latina a partir de 2007, em viagens que fez por países sul-americanos.




 Em 2010, no Chile, o músico se aproximou da família Parra, que tem grande representatividade em Violeta Parra – autora de “Gracias a La Vida”, música imortalizada na voz da falecida cantora argentina Mercedez Sosa.


O logotipo inicial do selo foi composto por um fragmento de um dos quadros de Violeta Parra


 

A partir de 2013, Arthus Fochi passou a intensificar suas viagens anuais pelo continente, pesquisando, em períodos que duravam até seis meses, em cada local, ritmos, bandas, cantautores e movimentos. “Buscar o novo, misturar, ter a possibilidade de reconhecer narrativas próximas em lugares distantes é muito importante para mim. Com isso, busco criar identificação e encontrar movimentos em diferentes texturas musicais” - ressalta.

O selo Cantores del Mundo tem suas referências na música folclórica e popular. Sua missão é um legado de muitos artistas que passaram por este continente, desfazendo fronteiras e unindo os povos em torno da música. Dentre os últimos lançamentos, destacam-se: 

Ano Sabático  - Arthus Fochi  (Álbum)

O Calor Tá de Matar  - Bernardo Valença (Single)

Caruru Connection - Mussa (EP)

Poema Livre - Nicolás Farruggia (Álbum)

Pitanga - Marcelo Cavalcante (Single)

O Revoar -  Caio Lang (Single)

 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Eduardo Arantes mescla percepções musicais em “Sintonia Imperfeita”

 Artista bebe da MPB ao eletrônico


Foto: Lucas Vogt


 

O processo criativo de Eduardo Arantes se assemelha a uma colcha de retalhos. A mescla de elementos eletrônicos e a MPB é algo que, de cara, chama a atenção em “Sintonia Imperfeita”, novo álbum do cantor, compositor e violonista paulista.





 

Ele se sentiu motivado a estudar mais os beats que vem desenvolvendo na produção de suas músicas porque, ultimamente, tem escutado bastante Lo-Fi (saiba mais sobre esse estilo musical aqui).


Arantes acrescenta isso aos elementos que já vinha trabalhando em suas composições no momento. E o fato de estar sempre de ouvidos atentos à sonoridade do Clube da Esquina, da turma da Tropicália e, principalmente, de Jorge Ben Jor - “talvez a maior referência” - fez com que a MPB entrasse de maneira orgânica nesse processo. “Os graus de entendimento de espiritualidade e musicalidade atingidas em ‘A Tábua de Esmeralda’ mudaram a minha vida artística” - destaca.



Imagem: musicontherun



Obstáculos e oportunidades 


Questionado sobre a percepção que tem acerca de quem, como ele, propõe-se a fazer um trabalho autoral no Brasil, Eduardo Arantes avalia que a produção musical “ficou mais acessível, técnica e tecnologicamente”. Para ele, a Internet trouxe muita informação e os equipamentos ficaram mais baratos. No entanto, o músico pondera que “também ficou mais difícil se destacar e conseguir um espaço interessante”:

 

“Penso que se inserir em um meio com outros artistas, uma faculdade ou conservatório, por exemplo, ajude a acelerar o processo de inserção no mercado. Então, acredito, sim, que a cena existe e está mais democrática”.

 

Perfeita imperfeição

 

Evocada no título do álbum, a “imperfeição” de “Sintonia Perfeita” se deve ao fato de Eduardo estar sempre querendo melhorar, no sentido de trazer um resultado mais surpreendente sobre o seu trabalho. Na verdade, ele se refere “ao destaque das coisas como elas são: não sendo perfeitas e ao mesmo tempo equilibradas dessa forma”.

Ouça aqui

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Home studio: guitarrista recomenda solução intimista e profissional

 ‘O ideal é um engenheiro de acústica fazer os cálculos da sua sala para projetar o tratamento adequado’ - diz Clayson Victor


Foto: Divulgação


 

O "empoderamento" do músico que investe num home studio (estúdio em casa) ocorre em diferentes aspectos - não apenas no econômico. Há alguns anos, a tecnologia musical custava muito mais caro. De uns tempos para cá, há uma democratização maior desses recursos. Nesse sentido, os músicos e produtores conquistaram mais liberdade para produzir, a um custo relativamente baixo. É o que acredita o guitarrista, compositor e empreendedor Cleyson Victor, o Cley, que tem no “Nebulosa Vermelha” o seu espaço predileto para compor, tocar e produzir, em Niterói. 

 

Contando com múltiplos equipamentos no seu estúdio, Cley destaca que o processo de equipar o home studio vai do bom senso de cada um. Para ele, comprar um microfone condensador de cinco mil reais para gravar, “mas não ter um mínimo de tratamento acústico na sala, não adianta muito”:

 

“Se você for comprar produtos caros e de alto nível, toda a governança de equipamentos tem de corresponder com equivalência. Eu começaria a partir de materiais mais básicos para, com a evolução do conhecimento e da prática necessária, aprimorar, gradativamente, ainda mais, o setup”.

 

Cley reconhece, no entanto, que, na atual crise econômica, “estamos no pior momento para comprar equipamentos”. Mas começar com uma boa interface de áudio, com ao menos dois canais, e um computador com boa capacidade de processamento “já é um bom começo”.

 

O músico destaca que o microfone é “imprescindível”. No caso, segundo ele, vale a pena começar com um bom microfone dinâmico (Sm57 e afins): o que pode ser uma “ótima estratégia”, já que eles são direcionais e captam pouco ruído externo para quem não pode tratar a acústica da sala.



 

Foto: Mercado Livre



Outra dica é um pop filter (foto abaixo) para vozes e aterramento elétrico da tomada usada no computador, que “podem ser um salto na qualidade das gravações”. “Quanto às lojas brasileiras, procure ver preços de usados e produtos de compra online. Costumam ser uma ótima aposta e, geralmente, são mais baratos” - recomenda.



Foto: Shopee


 

Acústica

 

No início das gravações, Cley tinha por hábito gravar dentro do guarda-roupa; mas “não recomendo!” - brinca. Ele destaca que painéis com tecidos e lã de rocha controlam minimamente as reflexões sonoras. Para reforçar, outra solução é utilizar cortinas e estantes, que também ajudam no controle acústico. Mas o músico destaca que esses procedimentos são “somente um paliativo”:

 

“O certo seria um engenheiro de acústica fazer os cálculos da sua sala para projetar o tratamento adequado. As frequências graves são as mais difíceis de controlar e, nesse ponto, somente um profissional para fazer tudo corretamente”.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Samba de Margarete Mendes traduz luta da mulher preta

 Cantora é a voz feminina do Bloco Cacique de Ramos

 

Foto: divulgação

A ancestralidade das nossas raízes africanas representa o enaltecimento do povo preto, dos orixás, dos exus e do povo brasileiro. Autodeclarada guerreira e lutadora, a cantora e enfermeira de formação Margarete Mendes, a “Rainha da Lapa”, traduz, no seu samba, uma musicalidade que a deixa à vontade para representar tudo o que a mulher preta brasileira tem de belo, em toda sua fé e potência.  

 

A vida na música começou como uma brincadeira - de bom gosto, diga-se. Em 30 anos de estrada, a artista foi uma das muitas que, no início da carreira, aventurou-se nos caraoquês do Rio. No da Praia de São Bento, na Ilha do Governador, ela cantava e agradava um público cativo, que chegava a doar mais e mais fichas para se deliciarem ouvindo a voz dela. “Se você sente a música, consegue transmitir para as pessoas. E este é o caminho: levar ao público o sentimento mais puro que temos no coração” – revela a sambista.





 

Além dos caraoquês, Margarete frequentou muito, também, eventos de nomes importantes do meio do samba. Serginho do Cavaco, por exemplo, deu-lhe força para prosseguir. Com palavras de apoio e coragem, “ele dizia que eu iria dar certo – e deu!” – lembra a artista, que ressalta o seu papel no samba como uma das provas do respeito e do empoderamento conquistado pela mulher preta, na música popular brasileira. “Sou preta e macumbeira. Defendo a raiz do samba, nossa ancestralidade, o meu povo preto. Eu posso, quero, vou atrás e vou conseguir. Graças a Deus e aos orixás, sou determinada e guerreira”.



Foto: rede social.


 

Voz feminina do Bloco Cacique de Ramos — nomeada por Bira Presidente (foto) —, Margarete Mendes é também conhecida como a “Negona do Axé”: a cantora une sua voz marcante à dança ancestral, conduzindo o público a uma viagem cultural e de resgate, pelos caminhos do samba, o que a torna uma embaixatriz da resistência e da fé, na música.



Foto: rede social



Neste ano de 2022, Mendes participou, também, do projeto Cultura do Carnaval Carioca, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Nele, gravou um single e ganhou o Prêmio Ubuntu de Cultura Negra, na categoria Ritmo Popular.

Dentre as influências percebidas no trabalho de Margarete Mendes, podem-se perceber traços marcantes de Jovelina Pérola Negra; Clementina de Jesus; Dona Ivone Lara; Alcione; Lecy Brandão e Clara Nunes. Cantoras que, para ela, são referências que quer continuar tendo em sua trajetória musical.  

 

O samba é a minha nobreza - e luta

 

Para Mendes, o samba, hoje, ocupa – merecidamente - um lugar nobre e de destaque. Ela avalia, no entanto, que essa luta não acabou, porque há, ainda, “muita hipocrisia, por debaixo do tapete”. “A música popular brasileira é respeitada no mundo inteiro, mas, infelizmente, isso não acontece por aqui. E quando se trata de mulher preta, pior ainda”.

 

Otimista, Margarete Mendes destaca que o samba conseguiu conquistar muita coisa que, há anos e até séculos, não havia. Ela se orgulha de empunhar essa bandeira. “Sou preta, cantora, enfermeira e respeitada por isso. Atualmente, sou também reverenciada como cantora. Não tenho parente influente e não caí no samba de paraquedas. Lutei para chegar até aqui. O povo preto tem que se destacar e fazer com que todos nos respeitem” – enfatiza.


Conheça a música de Margarete Mendes aqui!

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