sábado, 8 de janeiro de 2022

Rock Brasil respira ar puro em ’12 Doses de Veneno’, de Celso Madruga

 Trabalho do músico honra memória de Cazuza e expoentes do rock and rol nacional e internacional



Capa do álbum: Facebook.



Poeta desde os 15 anos de idade, antes mesmo de fazer música, o cantor, compositor e gráfico Celso Madruga (55) já ouvia muito rock and roll nacional e gringo dos anos 80. Em 1985, o Barão Vermelho de Cazuza e Frejat apareceu na vida dele como um oráculo de grande influência e fonte de inspiração; além, claro, dos clássicos internacionais: Led Zeppelin, Iron Maiden, AC-DC e The Who.

“Eu achava as bandas nacionais muito pops, com uma sonoridade leve demais. O Barão foi a que achei ter um som um pouco mais pesado, com as letras, do Cazuza, mais sérias e a ver com a minha realidade e as coisas que eu pensava” – lembra.



Imagem: Facebook


Gravado em 2020, durante a pandemia, o primeiro álbum autoral de Celso Madruga, ‘12 Doses de Veneno’, reúne todas as melhores músicas que ele fez, ao longo do tempo, desde 2002. O disco bebe muito da fonte de Jimi Hendrix, Led Zepellin, Beatles, Barão, Renato Russo, Raul Seixas, Belchior e Gonzaguinha - outras fontes de inspiração, que “têm um tipo de poesia que mais agrada”. Um pouco de cada.

Escrita em 2002, a primeira faixa, ‘Amor de Aluguel’ e em ‘Piada sem Graça’, de 2008, pode-se perceber uma grande influência da poética de Cazuza.

“Àqueles anos, eu já tinha desenvolvido um jeito de escrever que muita gente compara e diz: ‘suas letras e músicas lembram muito o Cazuza’. Para mim, é um elogio! Além do que ele ter escrito ser sensacional, Cazuza chamava a atenção por sua postura, no palco e na vida. É muito rock and roll!  – admira.   


Um artista brasileiro


Imagem: Facebook.


O gráfico Celso Madruga atua numa sociedade, onde todos os trabalhadores são donos do próprio negócio. No começo, dividir o ‘trabalho sério’ com o da música era difícil. Seus companheiros não curtiam rock e ficavam fazendo graça sobre sua atividade paralela. Nunca levavam a sério. Achavam que era apenas uma coisa de momento. Às vezes, Celso tinha que negociar com os chefes para sair um pouco mais cedo para ensaiar ou tocar em algum outro lugar.

“Comecei a fazer música depois dos 30. Eles acharam que seria apenas uma ‘modinha’. O fato é que eu comecei, não parei e espero não parar mais. Mas minha relação com eles sempre foi de boa. No meu trabalho como gráfico, mexo com arte final e já fiz vários cartazes de shows de bandas minhas, inclusive um, com a sua antiga banda, a Locomotiva (o editor do CMIND e baterista Saulo Andrade tocou nela entre 2003 e 2006), numa época em que o Vladmir, da Levante, estava fazendo um evento. A capa de um EP eu também fiz na gráfica. No geral, sempre procurei fazer as minhas coisas sem esse tipo de favorecimento. Usei uma ou outra vez, apenas, sempre com o consentimento dos outros colegas” - recorda.   

História no rock autoral

A estrada de Celso Madruga é longa. O Barão Vermelho também faz parte da trajetória de sua primeira banda, a ‘Alma da Noite’, de 2002. À ocasião, Celso mandou uma carta para a antiga revista Bizz, pedindo material do Barão e, nesse ínterim, conheceu um baixista, o Antônio Bastos, que, assim como Celso, também morava em Niterói e era fã de Cazuza e Barão Vermelho.

“Começamos a trocar figurinha. Mostrei a ele o meu primeiro caderno de poesias registrado, o ‘Peso das Palavras’. Ele gostou dos poemas e sugeriu que montássemos uma banda. Fui para o vocal e arrumamos um guitarrista, amigo meu, que frequentava a mesma igreja católica que eu, e um batera, um parceiro do meu trabalho que tocava” - ressalta.

Eles começaram a ensaiar apenas músicas autorais, no que foi a primeira vez que começou a de fato fazer suas próprias canções. Celso ia para a casa de Antônio e os parceiros as faziam ao violão, levando-as depois aos ensaios. Em três meses, já tinham em torno de 10, 12 trabalhos próprios.

“Estávamos amarradões. Mas o Antônio teve de se mudar para o Rio (a banda era toda de Niterói) e disse que ia montar outro projeto por lá, ‘A Trilha’, e me chamou para cantar. Fiquei dividido entre as duas bandas. Gravamos um primeiro CD demo, ‘Os Sonhos Não Morrem’, em 2004, e conseguimos colocar um blues, ‘Quem Ama’, para tocar na antiga Rádio Cidade” – destaca.

Com a Alma da Noite, em Niterói, Celso seguiu ensaiando e tocando em festivais. Em 2006, gravaram uma demo, sem nome, com apenas três faixas. Após um tempo, a banda se dispersou e acabou.

Em 2017, um amigo, o baterista Sardinha, chamou Celso para montar uma banda cover, focada em rock dos 80, a Plano Z. Lá ficou até 2019, quando colocou uma amiga vocalista para substituí-lo.

Parcerias musicais foram fundamentais no trabalho de Celso Madruga

Produtor do álbum, o guitarrista Alex Maldini, integrante da banda Biographia 54, começou a amizade com Celso Madruga num luau, em 2014, em homenagem a Cazuza. Além de Cazuza e Barão, eles tinham mais coisas em comum, em termos de composição: influências musicais como Led Zepellin, Black Sabbath, Iron Maiden, entre outros. A partir dali, começaram a dialogar.  



Alex Maldini. Foto: Divulgação. 



“Passei a prestar mais atenção nas redes sociais do Celso Madruga. Fiz alguns vídeos, cantando e replicando o trabalho dele. Ele curtiu bastante e também passou a acompanhar o meu trabalho. Tenho uma ligeira impressão de que ele gosta do meu jeito de tocar. A nossa linguagem musical é muito parecida. Fiquei muito feliz com o convite para produzir ’12 Doses de Veneno’. Para mim, é uma honra fazer parte de um trabalho do Celso Madruga, com essas composições sensacionais que ele criou” – elogia Maldini.  

Exemplo de superação, outro amigo e parceria de Celso é o cantor e compositor Bernardo Santos, que tem participações em duas faixas de ’12 Doses de Veneno’.

“O Bernardo, apesar do câncer de medula que contraiu em 2014, é uma pessoa muito otimista, acredita na vida. É um grande talento” – exalta Celso.

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