quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Single de Isabella Bretz e Rodrigo Lana, "Cicatriz" reflete sobre marcas da vida


A expressão corporal, aliada à poética da letra de uma canção que dialoga com a linguagem teatral. A potência da música “Cicatriz” é uma marca da parceria da cantora e compositora Isabella Bretz e do pianista e produtor musical Rodrigo Lana, que conseguem, com a obra, traduzir as desventuras da vida em forma de arte.

 

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Isabella acredita que a arte é um registro das nossas cicatrizes, enquanto indivíduos e sociedade. Para a artista, muitas dessas marcas, inclusive, vêm de “experiências maravilhosas, não apenas das desventuras”:





“A arte tem, como uma de suas funções principais, a manifestação da dor, mesmo em estéticas alegres. A maioria das músicas de amor são, na realidade, sobre dor de amor. E assim vamos nos cuidando, curando e libertando”.


Transformação em movimento 


A arte da capa do single resulta de uma escultura do renomado artista Johnson Tsang, de Hong Kong. Ela reflete a nossa constante desconstrução, em meio à realidade opressora que vivemos no mundo de hoje, de guerra e pandemia recente. Para a cantora, a escultura de Johnson trouxe a reflexão de que o ser humano vive num constante embate.


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"Antigamente, as lutas eram outras. Há temas que hoje nos atordoam e que sequer faziam parte das preocupações das pessoas de períodos anteriores. Assim como, no futuro, certamente estarão discutindo e desconstruindo padrões que hoje nem percebemos. Nunca chegará o momento de "completude" na humanidade” - filosofa. 

Ouça “Cicatriz”: https://li.sten.to/cicatriz 

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

"Átrio": Renê Freire revela que há beleza a partir de conflitos internos

Segundo álbum do artista é fruto de produção acadêmica  

Objeto de estudo de dissertação de mestrado em Composição, na Universidade Federal da Paraíba, as oito faixas do álbum “Átrio”, do pianista e compositor Renê Freire, revelam-se, também, como o desnudamento da personalidade de seu criador.

 

Foto: Everson Verdião

Com cortes abruptos e algumas interrupções, a primeira música “Myosotis” é um exemplo disso. Ela tem quatro partes contrastantes. Renê buscou vários personagens na peça ou um único, “com uma personalidade esquizofrênica”. Assim como “Myosotis”, as outras canções também dialogam com vários momentos da vida do artista.

 

“A depressão é fio condutor de todas elas. O álbum é, também, sobre como a doença atuou e atua em mim. Então, sim, o disco reflete a minha relação com a vida e expressa as minhas questões sobre saúde mental” – destaca o músico. 

 

Fato é que a música pode ser uma aliada no tratamento de pessoas que sofrem de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. No caso de Renê Freire, ela o transformou, mas não porque os quadros depressivos desapareceram por completo:

 

“Até porque eu tenho depressão crônica e não acredito na cura. Eu passei a canalizá-los com a música e isso redirecionou o sentido da minha existência”.

 

Música e academia


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O tema da dissertação de mestrado de Renê Freire é “Compositor Performer: Processos Criativos Enquanto Performance e a Performance Como Processo Criativo”. Nela, ele relata que existe, numa determinada cena experimental brasileira, um compositor que difere daquele mais ligado ao ambiente acadêmico, que compõe e não toca nenhum instrumento.

 

“Nessa cena, os compositores performam a sua própria obra – daí vem o conceito de Compositor Performer. Decidi falar sobre essa cena porque, de alguma forma, faço parte dela, especialmente no Recife. É também sobre como a performance moldou as minhas peças. Em suma, falo sobre a cena e o meu processo criativo” – relata o pianista.

sábado, 20 de agosto de 2022

Valentin questiona opressões do capitalismo em "Agora eu Preciso Pagar Contas"

  Música antecipa "A Cidade", novo álbum do artista

 

A concepção filosófica da música "Agora Eu Preciso Pagar Contas", de Valentin - nome artístico do cantor e compositor Érico Junqueira -, soa como uma espécie de válvula de escape poética, frente ao enfrentamento diário da humanidade - na condição de meros mortais que somos -, em relação à voracidade capitalista. Antecipando o novo disco – “A Cidade” -, a faixa conta com a voz de Amanda Gabana e faz uma reflexão sobre a lógica do capital, que “nunca teve nem nunca terá a satisfação das necessidades coletivas como objetivo”. “Disso já se pode inferir muita coisa. Os caminhos que nos são apresentados e propagandeados não tratam da ampliação das possibilidades dos modos de vida e, de uma maneira geral, apontam para a mesma direção, que é a lógica da exclusividade e da exclusão, colocando-nos numa neurose constante” – reflete o músico.


Foto: Thamires Seus


Para Érico, “Eu Preciso Pagar Contas” é o relato de uma resignação; um discurso crítico, mas de conformidade ante a bruta realidade, que parece impossível de mudar. Diante do processo totalizante que vivemos, do entendimento do tempo de vida, exclusivamente como tempo de trabalho, quaisquer minutos ociosos, em que se permita o questionamento sobre essa densa estrutura que nos envolve, já é um alento, uma espiada pela fresta. “O fato de muitas pessoas terem se identificado com essa letra pode ser um indicador dessa condição. As frestas no meio disso tudo existem porque esse sistema está fadado ao fracasso desde o início” – relata o compositor.  





Produzido e dirigido por Bruno dos Anjos, a estética do clipe também segue a mesma reflexão: cabelo ao vento e busca por liberdade, a bordo de uma bike, em meio à paisagem urbana, num passeio despreocupado, à noite, pela cidade. Érico vê na atitude de pedalar um ato político. Afinal, trata-se da maneira pela qual se amplia a possibilidade de ocupação e percepção do espaço urbano sobre duas rodas:


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“Essa simbologia faz parte da autonomia proporcionada pelo simples ato de pedalar e a letra da canção é um fluxo de pensamento, que tem origem justamente numa passeio de bike, que permite que a mente caminhe livre por vários aspectos da vida, enquanto o corpo trabalha. Flanar pela cidade é tanto causa como consequência desse questionamento das obrigações da vida adulta”.


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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

"Eu Também Sou Teus Rios": Natália Xavier canta potência criativa do Nordeste brasileiro

Novo single já está disponível nas principais plataformas de streaming

Só em ouvir "Eu Também Sou Teus Rios", faixa do primeiro álbum – homônimo – de Natália Xavier, já dá para imaginar uma interpretação teatral da artista, no palco. A cantora, atriz, poeta e artista visual mescla múltiplas linguagens artísticas, num disco que vai do coco de roda ao maracatu, passando pelo baião e o afoxé, aprofundando as raízes nordestinas de Natália, que crê num amadurecimento constante do próprio trabalho.


Foto: Alice Gouveia 


 

Isso se deve também ao fato de, no teatro, Xavier ter trabalhado 99% das vezes com a linguagem narrativa. Ao invés de viver a ação, ela a narrava, com “todo um cuidado para que o público acompanhasse as imagens e não ficasse maçante”; procurando, ao máximo, potencializar a criatividade da obra como um todo:

 

“Eu escrevi peças nesse formato também. É algo que eu pesquiso há um tempo. Além disso, tenho minhas inseguranças na música e quis trazer minha experiência pessoal como atriz, poeta e artista visual”.


A direção musical de “Eu Também Sou Teus Rios” contou com o auxílio do guitarrista Eder Sandoli - que já trabalhou com Itamar Assumpção e Tom Zé. Para Natália, que queria contar com “alguém muito bom para fazer as harmonias”, a experiência dele também foi determinante para imprimir traços musicais nordestinos no álbum.



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“Comecei o projeto do disco com meu parceiro, que é pianista erudito. Mas são linguagens diferentes. Embora ele tenha seguido colaborando, havia algumas limitações. Foi quando me apresentou o disco instrumental do amigo dele, o Eder, com o Renato Santori, o Duo Quase Acústico. E lá já havia muitos traços nordestinos. Tinha um baião maravilhoso e eu pensei: é isso que eu quero” – explica a cantora.

 

Criatividade sem fronteiras


E, por falar em múltiplas linguagens artísticas, há, no álbum, também, a música "Recibe Mi Llanto" (voz e violão), a única em espanhol. Numa pegada romântica, com influências do cancioneiro popular da cantora argentina Mercedez Sosa, a canção é resultado de algo que influenciou Natália, musicalmente, do seu amor à musicalidade da língua espanhola e das “possibilidades vocais que ela traz”:



Mercedez Sosa. Foto: Brasil de Fato


“Recibe Mi Llanto foi a última música a ser composta e entrar no disco. Quando eu comecei, era um texto em português. Mas ele não dava a dramaticidade que eu estava buscando. Foi aí que decidi traduzi-la e reinventá-la para o espanhol. Depois veio Eder, com aquele violão lindíssimo. Fiquei insegura de gravar em espanhol? Sim. Tinha acabado de tirar meu diploma B1 na língua. Mas também me deixei guiar pela paixão pelo idioma e confiar. O que mais me interessava não era a pronúncia perfeita, no sentido de parecer uma latina que fala espanhol (sou uma latina que fala português). Acho que bancar umas imperfeições é bom, inclusive para o processo criativo” – destaca a artista.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Duo Nascente reúne sonoridade erudita e popular em EP de estreia

Bia Nascimento e João Cordeiro lançam "Água de Nascente"

Singeleza e calmaria são algumas das principais marcas sonoras do álbum “Água de Nascente”, do duo Nascente. O violão de Bia Nascimento e o vibrafone de João Cordeiro têm uma potência capaz de preencher os vazios sonoros - ou da alma - de ouvidos mais atentos e sensíveis, numa fluidez rítmica propícia ao deleite.


Foto: Marina Costa

O desafio de escrever arranjos que soam completos, com apenas dois instrumentos musicais, contou com o trabalho do arranjador Caetano Brasil, que, de acordo com a dupla, é a pessoa ideal para unir vibrafone e violão, “de forma uniforme e horizontal”.

“Ele tem a sensibilidade para fazê-lo, de modo que cada um ocupe a sua cena, costurando entre as melodias e os ritmos, compartilhando o espaço da música” – ressalta Bia.


Democracia musical

O trabalho do duo Nascente abraça o conceito de pensar a música instrumental para além das salas de concerto, no sentido de fazer com que esse estilo chegue a ouvidos mais jovens, desacostumados com a música que Bia e João executam. A violonista avalia que os desafios para a empreitada são muitos e, principalmente, políticos. Isso porque, para ela, a “música instrumental é classista”, feita e consumida para uma classe social específica:

“É algo construído socialmente, há muitos anos. O desafio está posto, desde 1500. A nossa sorte é que a música brasileira rompe muitas barreiras musicais, políticas e sociais. O choro, o xote e o ijexá, por exemplo, estão presentes no nosso EP, o que democratiza mais a música instrumental. Ainda assim, tenho total consciência de que a música que fazemos não vai atingir um público tik tok, por exemplo. E está tudo bem”.

A musicista percebe que a mudança está em ampliar o acesso aos shows e dar importância a leis de incentivo que possibilitem ao músico ocupar lugares não privados. “É muita estrada a percorrer, ainda mais atualmente, em que tudo é líquido. A gente está correndo contra a maré” – explica Bia.  





Minas

Bia e João são partes da pujante cena da música instrumental de Minas e Juiz de Fora, que muito contribuiu - com Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant e o Clube da Esquina - para a música popular brasileira e suas ramificações instrumentais. O vibracionista se sente privilegiado por ter nascido num estado de “tantas inspirações ao redor”. “Posso dizer o que mais me encanta na música mineira, que são as harmonias” – inspira-se.

A violonista acrescenta que, nos últimos anos, “o único orgulho que não tenho perdido do Brasil é da nossa música”. Para ela, musicalmente, Minas “trouxe a calmaria”:

“Quando eu escuto esses caras, sinto vento no peito. É uma música que abre espaço. É como se sentíssemos cada esquina de Minas mesmo, tomando um café. E aí, como sou violonista, ligo essa sensação com os acordes soltos do Milton, de corda solta. Uns acordes abertos, que é tipo quando a gente está em cima de uma montanha, vendo tudo em 360 graus. Isso tudo sempre me influenciou muito, principalmente porque também cresci ouvindo. Quando componho, por exemplo, essas sensações vêm de forma muito natural"

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Barba Ruiva se reinventa em sua própria criatividade musical

Confira a releitura do single “Notícias”


Foto: Alonso Martinez


 

Um novo olhar sobre sonoridades específicas, como reflexo da aceitação de fragilidades e contradições internas da composição original. Celebrando os 5 anos de parceria com o selo Caravela Records, o power trio carioca Barba Ruiva reinterpreta o single de “Notícias”.  

 

Dentre as concepções que motivaram os integrantes da banda, a baterista Aline Vivas destaca que, na letra de “Notícias”, o eu lírico se depara com a sua essência real, compreendendo que, na verdade, tudo o que estava fazendo era na tentativa de achar uma maneira de chamar a atenção para si mesmo.

 

“A harmonia dá uma reviravolta alucinante e vai para um lado inesperado, como se fosse outra música. De repente, a gente pisa num universo paralelo, ficando lá para sempre” – ressalta a baterista.

 

Experimental, o trio fez um solo de guitarra invertido para a música “Just Fuck”, algo desafiador para qualquer músico. Vivas esclarece que a ação “foi uma brincadeira inusitada, que surgiu durante a mixagem, junto aos produtores musicais Maurício Negão e Pedro Montano”.


Divulgação


 

A artista disse ainda que o solo original tinha uma cara um pouco mais tradicional. Já o invertido tem uma certa rebeldia e era menos acessível: “parecia meio alienígena”. O guitarrista Rafael Figueira abraçou o desafio e aprendeu o solo ao contrário, exatamente como ficava no computador.     

“O Maurício teve essa ideia e, do nada, inverteu o solo no computador; depois, sugeriu que poderíamos escolher entre as duas opções porque, invertido, o solo ficava maneiríssimo! Todos concordamos em lançar a versão clássica no álbum e a digitalmente invertida, feita por Maurício. Agora o momento chegou e está aí, nas plataformas, como um lado B de um single com cara de mundo invertido” – diverte-se Vivas.   

Parcerias

Idealizada como resposta às dificuldades que a Barba Ruiva encontra como banda, na cena independente brasileira, a história do selo Caravela Records - que celebra 5 anos em 2022 - se confunde com a do trio, que
pretende, em breve, entregar o single de "Restos do Mundo" pela gravadora. Aline enfatiza a importância da parceria: 

“O primeiro lançamento do Caravela foi também o nosso primeiro single: “Sonho do Sonho”. A razão de ser da existência da empresa foi para encontrar um caminho para o mercado fonográfico - não apenas para nós, mas também para nossos colegas, artistas contemporâneos, que encontramos nessa caminhada”

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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Retrô e futurista, S.E.T.I. lança novo single: "Perder É Ganhar"

Faixa comemora 10 anos do projeto

Uma sonoridade nostálgica, que remete os jovens de 40 anos às pistas de dança dos anos 1980, tendo New Order e Depeche Mode como trilha sonora. Embora bebam de muitas fontes dos anos 1980, Roberta Artiolli (voz e synths) e Bruno Romani (guitarra, baixo e programação) – responsáveis pelo S.E.T.I - gostam de pensar que fazem parte de um movimento que traz essas sonoridades para as novas gerações. O duo completa 10 anos de estrada em 2022 e acaba de lançar o single de “Perder É Ganhar”.


Foto: Thiago Queiroz


 

Nos últimos 10, 15 anos, o synthpop teve um revival global e se fundiu com uma série de gêneros musicais; alguns, inclusive, bastante atuais. É no que acredita o guitarrista, baixista e programador Bruno Romani, que ressalta o fato de S.E.T.I. ser “capaz de dialogar com tranquilidade com os tempos atuais”:

“Acho que estivemos sempre na vanguarda disso, aqui no Brasil. Nosso primeiro objetivo é fazer a música que gostamos, mas não estamos nisso pela nostalgia. É uma proposta bem diferente, por exemplo, do que muitas bandas de blues fazem, ao tentar manter uma chama viva e de reprisar de forma rígida uma linguagem musical”.  

Em 2016, o duo participou do disco “O Pulso Ainda Pulsa”, que homenageou e recebeu atenção dos Titãs. Dois anos mais tarde, foi a vez de colaborar com o disco “Das Verdades que Eu Sabia”, que homenageou e ganhou elogios de Guilherme Arantes. Eles já receberam outros convites para participar de tributos, mas só aceitaram aqueles que homenageiam artistas que conversam com o S.E.T.I.de alguma maneira. 


Guilherme Arantes. Foto: Mercado Livre


“Os Titãs têm pouca influência na nossa formação como artistas, mas muita presença na nossa formação como ouvintes. Já o Guilherme Arantes é um mestre. O que ele faz no piano e nos synths, principalmente no trabalho dos anos 80, é emocionante. Além de tudo, é um baita hitmaker. Não tinha como não reverenciar” – destaca Bruno.

 

Acompanhe S.E.T.I.:

Spotify: https://open.spotify.com/artist/6Ol4aM61EuoXXefe6C48z6 

Bandcamp: https://setioficial.bandcamp.com/ 

Facebook: https://facebook.com/setirock 

Instagram: https://www.instagram.com/setioficial/ 

Twitter: https://twitter.com/setioficial  

 


domingo, 7 de agosto de 2022

Jovem prodígio da música instrumental, Cainã Mendonça lança “Paisagens Invisíveis”

 

Foto: Maria Fanchin

Artista de 17 anos reuniu músicos experientes para lançar primeiro álbum

Em “Paisagens Invisíveis”, primeiro disco do multi-instrumentista Cainã Mendonça, de apenas 17 anos, há uma conversa fluida e constante entre instrumentos. O piano ajuda a construir as composições da bateria, num mosaico criativo que se complementa. Para o pianista, baterista e compositor, que começou a compor e a preparar o disco no auge da pandemia - aos 14 e 15 anos -, a sonoridade dos instrumentos se soma por diferentes tipos de inspiração.



Seu primeiro instrumento “
foi e é a bateria”. O piano o foi encantando e, a partir dele, surgiram as primeiras composições. Cainã gosta de compor e de buscar caminhos, inspirado em tudo o que ouve e sente. Surgindo a partir de motivos rítmicos ou melódicos, as músicas abrem espaço para caminhos que as deixam, segundo ele, “divertidas ou sentimentais”.  

Reunindo grandes nomes da música instrumental, “PaisagensInvisíveis” conta, além de Cainã, como baterista, pianista e compositor, com Nailor Proveta (saxofone tenor e clarinete), Vitor Alcântara (saxofone soprano), Daniel Allain (flauta), Vitor Lopes (gaita), Marquinho Mendonça (guitarra), Rubinho Antunes (flugelhorn) e Noa Stroeter (baixo).


Arte de capa por Aguilar



Não havíamos pensado nos outros músicos e instrumentos, mas, como gostamos do resultado, resolvemos ir acrescentando o baixo, a bateria e, depois, os sopros. Agora, vou ter de resolver, no show, se toco o piano ou a bateria” – diverte-se o jovem artista.

O trabalho tem pitadas de jazz, música latina, brasileira e bossa nova: inspirações de um menino que se interessou “pelos diversos tipos de música bem novo”, de forma espontânea, aos 3, 4 anos. Vivenciando um ambiente ligado às artes e à cultura popular, fato é que ele também se sentiu estimulado pelos pais músicos.




“As pessoas deveriam ouvir músicas boas desde criança e durante toda vida. Existem muitos estilos e culturas para a gente conhecer” - destaca.

Maduro, o jovem instrumentista – que atualmente estuda bateria com Edu Ribeiro e piano com Heloísa Fernandes - percebe que faltam mais lugares destinados a apresentações semanais de música instrumental, voltadas a diferentes públicos. 

“Precisamos de mais espaços de música ao vivo e nos meios de comunicação” – ressalta Cainã.

Ouça "Paisagens Invisíveis": 

https://ditto.fm/paisagens-invisiveis 

Acompanhe Cainã Mendonça:

https://www.instagram.com/caina_mendonca.mus/ 



 

 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Mokambo lança "Paladar": single romântico que reflete realidades sociais sensíveis

 A banda Mokambo é daquelas que julgam importante falar de absolutamente tudo o que se refere ao cotidiano humano. Diferentemente de “Não Consigo Respirar” - um justo manifesto antirracista, inspirado no caso da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, em 2020 -, o novo single do grupo, “Paladar”, tem uma pegada mais romântica.


Foto: Samanta Toledo


 

Para o vocalista, guitarrista e gaitista Bruno Leitoza, falar sobre racismo é de extrema importância; mas ele avalia que o antirracismo também passa pelo fato de que é igualmente importante destacar que povo preto sabe falar e cantar sobre outros assuntos.





 

““Paladar” é sobre amor. Aproveitando o tema, fizemos o videoclipe, mostrando o amor entre duas mulheres pretas, que, além dos preconceitos que precisam enfrentar, também têm suas questões enquanto casal” – destaca o músico, ressaltando que, em breve, haverá mais músicas de amor, sobre questões LGBTQIA + e que abordem a temática do racismo.


Sonoridade ancestral 


Mokambo é, essencialmente, uma banda de blues e rock and roll que, cantado em português, ecoa vozes historicamente oprimidas da nossa sociedade. Mais do que a mera influência sonora, o grupo bebe dessa ancestralidade, a partir do conteúdo de suas canções, enfrentando, também, os já tradicionais desafios que artistas autorais e independentes passam no Brasil. Entre eles, está o de fazer com que mais pessoas se engajem na causa antirracista; contra o feminicídio e as históricas mazelas sociais brasileiras, especialmente num contexto em que o dito mainstream prefere que a maioria da população consuma música apenas para se distrair. Bruno acredita, por outro lado, que, “num país onde o ódio e a intolerância andam muito na moda, sorrir e ter momentos de diversão pode ser uma forma autêntica de resistência”.  



Foto: Samanta Toledo



“Cantar sobre tudo isso em português torna a mensagem mais direta. A gente deseja poder emocionar as pessoas. Que elas tenham a sensação de haver alguém ali, debatendo e levantando debates vivenciados no cotidiano. Como uma banda independente que somos, nossa voz ainda chega a um número mais limitado de gente. Mas, ao mesmo tempo, torna-nos mais acessíveis a elas: alguém mais próximo, que não está "em um patamar acima", ditando regras, mas sim propondo uma conversa mesmo. Acredito nisso como ferramenta para uma comunicação mais fortalecida e autêntica” – reflete o artista.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Juliana Calderón transborda potência e diversidade no clipe e single de "Leoa Tectônica"

Foto: divulgação



Encarnar diversos arquétipos, criar experiências míticas e dialogar com o imaginário. No clipe de “Leoa Tectônica”, a cantora e atriz Juliana Calderón nos lembra que vida também é sonho e que, afinal, sonhar é um ato político. Ela imprime, no vídeo, uma sincronia perfeita entre a performance teatral e musical, remetendo o telespectador e ouvinte a uma memória afetiva que é grande referência da artista: Ney Matogrosso e Secos e Molhados.



Ney Matogrosso com Secos e Molhados. Foto: Jornal Correio


 

“O Ney seguiu um caminho muito próprio, que inspirou toda uma geração a se reinventar, a se libertar. Uma vez, vi uma entrevista dele em que dizia o quanto, na intimidade, era diferente daquela figura performática, para fora, que encarnava nos shows da banda. Como naquela época em que os Secos e Molhados despontou, estamos precisando urgentemente sonhar, para resistir e transgredir” - destaca.





 

Feliz por estar produzindo, movimentando-se e lançando um novo trabalho – o que “não foi nem é fácil” -, na letra do single e clipe de “Leoa Tectônica” Calderón nos lembra que, mesmo no cimento, há uma força ancestral que nunca cessa de mover suas placas tectônicas: ela gira, segue o seu próprio caminho. Para a cantora, esse “cimento” simboliza tudo o que tenta impedir a vida de fluir, de se transformar, de estar em sua própria natureza – “que é movimento, impermanência e autenticidade”.

 

“O Brasil vive um momento em que parte da população está acreditando em um líder que prega que a solução é menos diversidade, menos cultura, mais separação, mais armas, mais obediência, mais passado, mais cimento. Mas a vida transborda pelas frestas; o concreto acaba sempre vencido pela força da floresta. Essa canção é uma oração para que, como a Terra, a gente continue girando e transmutando, em direção à liberdade de sermos quem somos, em toda a nossa pluralidade” – compara a atriz.


Imagem: divulgação


 

O novo trabalho de Juliana contempla uma diversidade rítmica importante. Mas essa pluralidade, na opinião da artista, passa por diferentes processos, para que de fato seja contemplada pelo grande público. Isso porque, primeiramente, há o fato de fazer com que a música chegue às pessoas – “o que já é um baita desafio para o artista independente”. Depois, as pessoas precisam se conectar com a obra.

 

““Leoa Tectônica” não é uma música que se dança gostosinho do começo ao fim. Mas eu torço para que parte dos ouvintes brasileiros esteja aberta a um pouquinho de contraste e contradição, e possa se reconhecer nessa diversidade também” – almeja a artista.


Acompanhe Juliana Calderón:

Instagram: https://www.instagram.com/ju.calderon/ 

Youtube: https://youtube.com/jucaldera 

TikTok: https://www.tiktok.com/@ju.calderon 

Tori lança single de "Descese" e se prepara para lançar álbum com parcerias consagradas

Primeiro lançamento solo, em cinco anos de carreira, o single de " Descese " - faixa título do futuro álbum de Tori (Vitória Nogue...