terça-feira, 31 de maio de 2022

Matheus Marê exalta a MPB em ‘Viajante’

 

 

Apuro musical e riquezas melódicas são destaque em novo EP

 

Imagem: divulgação



Durante um certo tempo de sua vida, o cantor e compositor baiano – radicado em São Paulo desde os 22 anos -, Matheus Marê, dividia o seu talento artístico com o antigo trabalho no setor de autopeças. Esta era uma das atividades que ele e muitos outros talentos desconhecidos Brasil afora faziam (ou ainda fazem), antes de trabalhar, hoje, integralmente com música.

 

Sua dedicação à arte se reflete na sonoridade de ‘Viajante’. O novo EP de Marê possui uma forte pegada da Música Popular Brasileira tradicional – incluindo a pré-MPB, a bossa nova e o samba. Mas ele gosta, também, de viajar entre diferentes modos de se fazer música, retirando dela algo de fresco e novo. ‘Clouds in the Sky’, por exemplo, é um rock que lembra ao ouvinte que nomes como Cazuza não morreram; já ‘Um Pouco De Soul’ bebe do suco desse estilo musical norte-americano:  

 

“A minha identidade musical passa pela poesia e a sensibilidade, numa constante construção de beleza com as palavras”.




 

Trajetória

 

Até chegar ao ponto de viver exclusivamente da música, Matheus contou com outros artistas, que lhe abriram portas. Nesse universo, ele é grato a muita gente, principalmente pessoas que lhe ensinaram algo, apoiaram-no e lhe emprestaram conhecimento e arte.



Foto: divulgação


 

Para o baiano, essas pessoas e instituições - como a Escola de Música & Tecnologia, onde se formou, em São Paulo, como técnico de áudio – fizeram, de diferentes formas, parte do seu crescimento:

 

“Lá, há profissionais do meio da produção e músicos fantásticos. Sou grato ao sanfoneiro, produtor e diretor artístico Bolinha, que abriu todo o leque para a gente trabalhar com as minhas composições, neste que é um EP totalmente artístico. Foi tudo muito bem feito”.

 

Foi através de Bolinha - ganhador de um Grammy Latino -, aliás, que Marê conheceu artistas e profissionais de renome, como o baterista Carlos Bala e o técnico de áudio Luís Paulo Serafim – de quem o cantor admira o trabalho. “É o maior e mais lendário técnico de áudio do Brasil. É sempre muito bom vê-lo trabalhando, mixando, captando e, agora, fazer parte disso. Seu lema é ‘mixar com arte’. É exatamente o que ele faz” – elogia Matheus.


Baterista Carlos Bala. Foto: Facebook


 

Qualidade

 

Quem escuta o EP ‘Viajante’ percebe o cuidado e a acurácia técnica dos arranjos, que contaram com o apoio do maestro J Resende, “um músico genial”, que não alterou nada da melodia da voz composta por Matheus.

 

Todas as composições de Marê nascem do violão e de uma folha de papel. Num constante fluxo de ideias, ele trabalha a partir de uma música e, dela, vem a harmonia, a melodia da voz e as palavras, “como uma coisa só”:

 

“Estou apaixonado por esses arranjos do maestro J Resende. Ele ampliou as harmonias que eu havia feito inicialmente ao violão, adaptando tudo para a banda de uma forma perfeita, que realmente me emociona”.

 

Mercado  

 

Nas palavras do cantor Matheus Marê, a geração atual não tem mais tempo para mastigar algo: “tem que receber tudo engolindo”. Ainda de acordo com o músico, em aplicativos como o Tik Tok, por exemplo, o espectador fica atento àqueles 15 segundos “que te prendem e que têm de ser chiclete”:

 

“Se você colocar uma música de Caetano Veloso, Djavan ou a minha mesmo, nos stories ou no Tik Tok, não haverá o mesmo impacto que uma, feita exclusivamente para ser consumida naqueles meios de comunicação”.

 

Apesar de acreditar que as novas gerações estão com a atenção voltada a um conteúdo “quase irracional”, que prejudica a difusão de músicas que procuram ser um pouco mais ricas, cultural e artisticamente, o artista ressalta que, na MPB, o Brasil vivencia um processo de retomada.

 

Para Matheus, o mainstream está repleto de artistas que fogem desse estilo musical e vão mais para o caminho do sertanejo, do funk e do pop. Mesmo assim, ele acredita na força da Música Popular Brasileira. “Há muitos artistas crescendo e conseguindo expandir para demais camadas de ouvintes, na nossa sociedade. A perspectiva é boa e eu, humildemente, tento fazer parte de todo esse contexto” – ressalta o cantor, que acredita que a MPB deveria merecer mais destaque na mídia.

 

Marê ressalta que não faz sentido “uma música tão rica, harmonicamente, que culturalmente abrange diversos assuntos de raiz nacional”, não ter o destaque que merece. Ele defende a tese de que, geralmente, os espaços de mídia estão reservados a coisas mais acessíveis, “simplistas mesmo”:

 

“Certamente, não falta riqueza na música brasileira. Nossa musicalidade está presente hoje, tanto quanto o fora em outros tempos, em que a MPB tinha mais espaço na mídia. O que acontece é um afunilamento”.

 

O cantor observa ainda que existe um nicho para a MPB e há possibilidades para se “furar a bolha”. Ele analisa que a própria Internet oferece plataformas e possibilidades de resistência, apesar dela ser a responsável pelo crescimento de conteúdos cada vez mais rápidos e menos filtrados. “Artistas independentes, como eu, e milhares de outros, Brasil afora, têm a possibilidade de criar e difundir conteúdo. A Internet pode, também, ser uma ferramenta de resgate da cultura brasileira para as massas. Tudo é cíclico” – reflete o músico.   



 

 

 

Apresentações

 

Durante o período em que esteve produzindo o ‘Viajante’, Matheus Marê estava se preparando para pegar a estrada. Atualmente, ele vem ensaiando um repertório autoral, mesclado a clássicos do cancioneiro popular. Nos shows, na banda que Marê vem ensaiando e o acompanha, há nomes como Victor Cabral, na bateria; Igor Pimenta, no baixo; Tom Santana, na guitarra; e André Freitas, no teclado. “São músicos maravilhosos, do nível desses que gravaram o EP” – elogia Matheus, que já tem um show agendado para 26 de agosto, no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis (SC):

 

“O ‘Tributos’ homenageia o baiano Dorival Caymmi, o paulista Adoniran Barbosa e o carioca Cartola, três dos maiores nomes do nosso samba. O show foca totalmente na música deles. Estamos preparando esse evento com um carinho muito especial”.



 

 

Além do próprio Matheus, de Carlos Bala, Luís Paulo Serafim e J Resende, o EP ‘Viajante’ contou com o baixo de Alex Mesquita; o violão e a guitarra de Conrado Góis; a percussão de Alexandre de Jesus; e, em algumas faixas, com um naipe de metais, como o do sax alto de Cássio Ferreira. “É muita gente boa! Esse EP não contou apenas com um artista: são vários! Cada um colocou sua musicalidade ali, para chegar a esse resultado!” – comemora o músico. 


Ouça 'Viajante' aqui

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Nacho Martin lança seu novo single: a cumbia ‘Volver’

Radicado em SP, cantor argentino gravou a música com Master Pe e André Serrano   

 

Capa. Imagem: divulgação



A língua portuguesa e a diversidade musical que já existe no Brasil são alguns dos fatores que podem prejudicar um intercâmbio cultural mais intenso entre o nosso país e os demais irmãos da América Latina. Mas esta não é uma barreira para o cantor argentino Nacho Martin, que, após ter gravado singles em português – o reggae misturado a hip hop ‘Nesses Tempos Modernos’ e o ska ‘O Tempo’ -, está lançando, agora, nas plataformas digitais, a cumbia ‘Volver’.

 

Cantada em espanhol, a música é acompanhada de um ukelele e retoma as raízes argentinas do cantor, que se destaca pelo fato de ser um dos muitos hermanos que estão por aqui, cumprindo a missão de integrar e democratizar nossas diversidades musicais. “Meu papel sempre foi mostrar ao público ou às pessoas próximas um pouco da cultura latino-americana. Na Argentina, temos, por exemplo, a Pera de Goma, uma banda que faz diversas versões de outros artistas, numa versão de cumbia; além da Onda Vaga, que também puxa o som para a latinidade. Outro destaque é a Mahatma Dandys, com um som alegre e clipes bem divertidos” – enumera o artista, que também chama a atenção para o fato de o reggaeton ter se popularizado no Brasil, nos últimos anos

 


Em termos de sonoridade latina, atualmente o Brasil vem apresentando nomes como a Academia da Berlinda e a Ladama, que conta com integrantes de Brasil, Colômbia, Venezuela e Estados Unidos - ambas com uma forte pegada de cumbia. "Eu destacaria, também, o trabalho da Francisco, El Hombre, que está agora em turnê pela Europa. Acho demais essas iniciativas. Mesmo que a gente pense que existe um limite para a criatividade, o músico brasileiro vem e consegue nos surpreender positivamente” – elogia o argentino.

 

Palcos compartilhados, gracias a la vida  


Foto: Felipe Manorov


 

A exemplo da célebre cantora argentina Mercedez Sosa, que, nos anos 1980, já subiu ao palco com Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gal Costa e Maria Bethânia, Nacho também já cantou músicas e dividiu o mesmo espaço com artistas brasileiros.

 

Fã de Marisa Monte, Rapin Hood, Paralamas do Sucesso e Titãs – os dois últimos fizeram parcerias com o cantor argentino Fito Paez -, Martin tocou com artistas renomados, como Planta e Raíz, Elba Ramalho e Ira!; além de bandas independentes como Nokaos, Música Agosto e Fogo Corredor. “É muito legal dividir o palco com artistas brasileiros, independentemente de fama ou renome. Na verdade, estamos todos no mesmo barco, tentando propagar o nosso som para a frente” – acrescenta Martin.

 

Diferenças e semelhanças sul-americanas

 

Para o artista, há, no Brasil, muitas bandas covers, dos mais variados estilos musicais. Por outro lado, segundo ele, isso não é tão comum na Argentina. O clássico músico de restaurante, tocando “os maiores sucessos da MPB”, não existe por lá. “No geral, o argentino costuma investir mais em som autoral. Mas não posso generalizar: a internet nos traz, todo dia, ideias novas. Acredito que, no meio musical, a dificuldade é sempre presente nos nossos países” – ressalta o cantor.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Tendência: home studio soluciona problemas de músicos brasileiros

 

Panorâmica do home studio "Toca do Rato". Foto: divulgação. 

Saiba por que a “Toca do Rato” é o abrigo criativo preferido do multi-instrumentista Fernando Oliveira    

 

A pandemia intensificou o que já era uma vocação para muitos músicos brasileiros: utilizar home studios - ou estúdios em casa, numa tradução livre -, para se criar e trabalhar em suas próprias canções. De acordo com empreendedores experientes do setor, obter um espaço para chamar de seu, de ensaios e gravações, empodera o artista, em diferentes aspectos.

 

Isso porque, dentre os mais criativos - que, por exemplo, tocam em distintos projetos -, há os que podem ter uma ideia genial para um arranjo durante a madrugada - quem nunca? -, e não podem perdê-la, de jeito nenhum. Nesse caso, às vezes, dá na telha testá-la na hora que ela surge, “mesmo que seja para descobrir que a ideia não era tão genial assim”. 


Fernando Oliveira. Foto: divulgação


É o que conta o multi-instrumentista Fernando Oliveira, que já possui, em Niterói (RJ), o seu próprio ‘cafofo’ musical – informalmente apelidado de “Toca do Rato”. O apelido existe porque é lá onde ele ensaia, com a banda Jimmy & The Rats, sem depender da agenda de outros estúdios. “Isso vale ouro! Posso gravar a hora que quero e dar as pausas que preciso, sem me preocupar com o "taxímetro" rodando. É mais liberdade para criar. Num estúdio alugado, cheio de gente em volta, você não teria essa flexibilidade” – compara Oliveira.


Investimento sob medida


O estúdio de Fernando não tem tantos equipamentos de gravação, porque ele não o criou, inicialmente, com o objetivo de produzir para fora ou alugá-lo para outros artistas. O músico destaca que o modo de construir o home studio depende sempre do objetivo pessoal do empreendedor: quem quiser trabalhar com produção e fazer gravações de terceiros, precisa obter um equipamento mais completo.

Por outro lado, se pretende apenas gravar, por exemplo, suas próprias guitarras, como contratado, ou em projetos próprios, pode focar em conseguir o equipamento apenas para essas finalidades. No caso de Oliveira, um local próprio, para ele, servia mais como uma forma de registrar suas ideias instrumentais – sopros, cordas e bateria – e de composição.





Tempos depois, a “Toca do Rato” foi ampliada para a realização de ensaios. De acordo com Fernando, mesmo com quase todos os colegas de banda morando no Rio, ainda assim, financeiramente, compensa eles virem para Niterói, por conta do tempo e da tranquilidade para trabalhar. “Quando estou criando e compondo, naturalmente me vêm os arranjos de todos os instrumentos na cabeça. Passar tudo na mão para eles, em um ensaio, dava muito trabalho, gastava-se muito dinheiro e, ao final, não ficava bom” – analisa o músico, que, no dia a dia, foi aprendendo a gravar em casa e ir testando ideias para poder apresentar sua composição para a banda, já com uma demo completa.


Jimmy & Rats. Imagem: divulgação



Equipamentos

Mas quais são os materiais – mesa de som, microfones, bateria, caixas de som – que um músico precisa para começar a montar o seu próprio home studio? Muitos, sem familiaridade com esses tipos de detalhes, ficam perdidos. Fato é que Oliveira nunca se interessou muito por essa parte mais “chata” da profissão.

No início, ele contou com a ajuda de amigos como Bruno Marcus (Tomba Records) e do vocalista e colega de banda Jimmy London (ex-Matanza), que já atuava com produções de áudio e entende bastante de som. “A maioria das coisas, eu comprei deles, de segunda mão, ou pela internet mesmo” – destaca o artista.


A banda niteroiense Enzzo, nos anos 1990. Oliveira, Fred Martucci, Leo Costa e Bruno Marcus



Para gravar, Fernando usa uma placa de som de dois canais da M-Audio, num notebook Dell antigo. Grava tudo com o mesmo microfone: um AKG condensador. O programa que ele utiliza ainda é o Audacity, que é mais básico.

Além de Jimmy e Bruno, Oliveira contou também com a ajuda do baterista e engenheiro de som Pedro Falcon. Quando a Jimmy & The Rats quer fazer pré-produção de discos, Falcon traz uma placa de som com mais canais e microfones melhores, para um trabalho mais acurado.

De equipamento para ensaio, o músico utiliza microfones direcionais da Shure e Audio-Technica, além de uma mesa Mackie, de cinco canais. O amplificador de baixo é um Roland; de guitarra, um Oneal, de 220W; além de duas caixas de PA Datrel, de 250W. A bateria é uma Pinguim clássica dos anos 1970. 

 

Acústica

O “Toca do Rato” foi construído com paredes duplas e lã de vidro entre elas. A porta e a janela são igualmente duplas. Uma das portas também conta com lã de vidro interna, “tudo para o som não vazar”. “As placas de espuma foram instaladas na medida do necessário. Como tratamento acústico interno, coloquei aquelas placas de espumas onduladas (foto), sem cobrir todas as paredes, porque a sala não é só de som (há muitas prateleiras e instrumentos dependurados e espalhados em bags)” – enumera Oliveira.







No local, há também tapetes por todo o chão; um sofá e uma estante cheia de cds e “tranqueiras”. Somados, esses objetos quebram a ressonância do som do estúdio.

Para diminuir a vibração da bateria no andar de baixo, foi preciso construir um pequeno tablado de madeira com borracha, isolando-a do chão.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Carpe retoma atividades com singles românticos

 

    Foto: Rafael di Melo (@dimelofotografia)


Um dos diferenciais da banda Carpe é a linha romântica com uma pegada rock and roll. As músicas ‘Não Tem Mais Eu’ e ‘Vem Pra Mim’, em especial, possuem uma sonoridade que remete ao fato de que as relações humanas devem ser pautadas pelo carinho mútuo e pela tomada de atitudes concretas, em relação às desventuras da vida – que a arte imita.

 

Com a chegada da pandemia, os músicos da Carpe, que moram em diferentes e distantes localidades da região metropolitana do Rio, quase se viram obrigados a encerrar o projeto. Resistentes, decidiram parar suas atividades por um breve momento e se dedicar apenas a estudar música. De volta à cena, pretendem, ainda neste ano de 2022, lançar um novo EP e fazer uma live.   

 

Para o baixista e fundador da banda, Renan Matias, apesar do momento difícil, o objetivo do grupo é levar ao público canções alegres, com letras na mesma pegada do single 'Caridade' - que levantem a autoestima e deem recados certeiros. “Temos de elevar nossas energias, enfrentar os desafios. Queremos mostrar, com a nossa música, que sofrer faz parte. Discussões em relacionamentos são normais e precisamos disso para evoluir e amadurecer. ” – ressalta Matias.

 

Além do baixista Renan Matias, a Carpe conta com a bateria de Edu Tamaki; a voz de Augusto Sérgio; os teclados e o sax de Dan Guedes; além da guitarra e dos bancking vocals de Luis Wagner.


Youtube:

https://www.youtube.com/user/carpeoficial

 

Instagram:

@carpeoficial

 


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Confira 'Morto por Dentro', novo single da Cine Sinistro

Horror punk com personalidade é a principal marca da banda carioca

  

Basta ouvir os primeiros acordes de ‘Morto por Dentro’, novo single da banda carioca Cine Sinistro (ouça aqui), para começar a agitar, sozinho ou acompanhado, um ‘pogo' - dança típica de quem abre as famosas “rodinhas” dos shows punks, Brasil e mundo afora.


 

Foto: divulgação

Formada em 2016 pelo baixista Godinho (77 Idols) e o vocalista Joaquim Roma, o grupo faz um horror punk dançante, voltado para quem ama ‘pogar’ ao som da boa e velha sonoridade punk rocker.

 

O baterista Rafael Bralha (ex-Nove Zero Nove) é uma prova disso. De fã, que acompanhava os shows do grupo, ele se juntou a Roma, Godinho e ao guitarrista Pablo Pecky para, em 2020, transformar-se em músico integrante. Fisgado pelo som, acabou ficando. “A princípio, era para dar uma força nas novas gravações” – recorda Bralha, aos risos.


Foto: divulgação


 

Além da sonoridade ‘clássica’ de Ramones e Misfits, ouvidos mais atentos podem perceber, dentre as influências da Cine Sinistro, algo de Teen Idols; Alkaline Trio; Zumbis do Espaço; Rancid e Carbona - de quem regravaram ‘Esqueletos em Todo Lugar’, do álbum ‘Taito Não Engole Fichas’ (2002).

 

A propósito, em 2018, os músicos ficaram sabendo que o selo Shitface Records estava preparando o tributo ao Carbona, ‘No Ritmo do Bubblegum’, e fizeram “de tudo para entrar”. “Somos realmente fãs dos caras e achamos que a música ‘Esqueletos em Todo Lugar’ combinava muito com o nosso estilo! Estávamos certos!”- lembra Roma.

 

Inesgotável criatividade musical

 

Em seu processo de composição, munido de uma frase ou ideia que lhe vem à cabeça, o vocalista Joaquim Roma faz a letra em cima de uma melodia e a encaminha para os outros músicos lapidarem o arranjo. O Godinho pega aquela ideia inicial e faz a mágica dele, incluindo os teclados. Depois, entramos em estúdio para ver como fica com todo mundo junto” – detalha o músico, que pondera ser este um momento cansativo, mas que, no geral, “é bem divertido”, porque a banda fica com muitas opções. “Escolher as músicas mais legais é uma das partes mais divertidas para mim” – empolga-se o artista.

 

Rafael Bralha destaca que Joaquim é muito produtivo: “faz música todo dia”. Há ocasiões, inclusive, que o companheiro de banda envia mais de uma para os outros instrumentistas. “Fica até difícil escolher. Selecionamos as melhores e vamos ao estúdio, trabalhar nos arranjos e na estrutura - nada de muito complexo ou misterioso” – detalha o baterista.

 

Novo disco à vista

 

A Cine Sinistro está planejando lançar, ainda em 2022, o seu primeiro disco. Para isso, já gravaram metade das faixas e o single ‘Morto Por Dentro’, que está em todas as plataformas digitais. Eles estão prestes a gravar a outra metade do álbum “e o Joaquim não para de aparecer com mais opções” – comenta, rindo, Rafael Bralha, que comemora o fato de que, ao terminarem este registro, terão material suficiente para gravar outro disco. “O que é muito bom! Os artistas hoje lançam um álbum a cada cinco anos. Nossa intenção é resgatar aquele ritmo de um álbum por ano, tipo Ramones mesmo” – compara Bralha.  

 

A Cine Sinistro faz parte da guerrilha a que o underground como um todo participa. É umas das muitas que junta os amigos e sai por aí, mostrando o seu som autoral, no velho lema punk – ‘do it your self!’ (faça você mesmo!).

 

Músico “rodado” na cena carioca, o baterista Rafael Bralha destaca que fazer rock and roll no Rio de Janeiro sempre foi uma empreitada desafiadora, porque a cidade não oferece uma demanda pelo rock, que permita ao menos que as bandas empatem os investimentos com os demais estilos musicais. “Então, a chance de pagar as contas tocando é muito pequena. Essa coisa de cidade balneário, praia, sol, Maracanã, futebol... A galera acha que o rock não "orna" muito bem com nada disso e prefere os ritmos popularescos de sempre” – lamenta Bralha, afirmando ainda que as poucas brechas que existem foram forjadas pelos próprios músicos, “criando e vendendo itens cada vez mais diversificados de merchandising, promovendo crowdfunding, lançando discos, juntando forças para cair na estrada e ampliar o alcance do trabalho”. “Quem está no rock é para se foder mesmo, e isso nunca intimidou ninguém” – brada Bralha.

 

Conheça o trabalho da Cine Sinistro:  

 

Spotify https://open.spotify.com/artist/587ZgOQJegHbyj7pNu9WiR

Youtube https://www.youtube.com/c/CineSinistro77

Bandcamp https://cinesinistro.bandcamp.com/

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Uma “Fresta” na diversidade musical brasileira

Banda de ska punk brasiliense, Caos Lúdico lança novo single



 
Imagem: divulgação



“O que preciso é te escutar, para construir as nossas memórias”. Este trecho da letra de “Fresta”, novo single da banda brasiliense de ska punk, Caos Lúdico, é um dos que remetem o ouvinte a um clima de diálogo e convivência pacífica: uma espécie de reflexão e troca constante, “para colocarmos os sentimentos e os desejos no lugar”. Esta é uma das visões de mundo do vocalista João Ramos, que – assim como muitos outros seres humanos – passou por momentos perturbadores durante a pandemia de covid-19. 



Ele destaca que, nesse intervalo histórico das nossas vidas, muitos buscávamos meios para descomplicar situações e voltar aos prazeres diários. Nas palavras do artista, “devemos nos entregar à vida!”. 


 Além do vocalista João Ramos, a Caos Lúdico conta com Rafael Marreta (Baixo), Guilherme Wanke (Bateria), Haniel Tenório (Trompete), Felipe Andrade (Saxofone) e Luciano Batista (Trombone). Foto: Henrique Maresch.




É com essa entrega que a Caos Lúdico executa o seu processo criativo. Uma das principais características do instrumental da banda é a sincronia do jogo de metais – cujos arranjos contaram com a colaboração e a parceria de Bruno Portella e Jefferson Moura. Nessa “conversa” entre instrumentos, João constrói a letra e as estruturas das músicas, que se casam com a criatividade dos demais músicos.



O sol nasce para todos

 

Para o vocalista, os modismos que “bombam” no meio musical brasileiro de hoje – sertanejo, pisadinha, funk ou pagode -, não são necessariamente um empecilho para a diversidade musical do país. De modo que, com a sua sonoridade peculiar como trilha sonora, ele e seus amigos seguem promovendo um “caos lúdico” necessário para construir a própria carreira e buscar cada vez mais espaço nesse mercado. 


“O processo é esse! Respeitamos todos os demais estilos musicais. Todos têm seus momentos e respectivos espaços. Não podemos nos prender a isso e vamos continuar colaborando para aumentar ainda mais a diversidade da música brasileira. Ela sempre fica em primeiro lugar!” – ressalta João. 


Mas afinal, o que anima os caras da Caos Lúdico a fazer um ska punk autoral, mesmo sem o histórico apoio, que nunca tivemos, no Brasil, para todos os setores da cultura – e menor ainda, no auge da pandemia? João responde: “o simples fato de fazer arte e transmitir sentimentos através da música. Isso pode soar simples, mas é o que realmente nos anima. Ganhamos os nossos dias e ajudamos os outros a ganharem os seus, com essa arte!”.



quinta-feira, 19 de maio de 2022

Em “Lunática”, Ana Sucha revela as diferentes fases de sua musicalidade

 

Trabalhos autorais da artista alcançaram quase 3 milhões de streamings

 

Desde que se entende por gente, a cantora, compositora e produtora Ana Sucha gosta de explorar ritmos nas coisas. Aos 12 anos, ela deixou de batucar nas costas da prima para tocar bateria e, a partir daí, explorar outros instrumentos. Sua relação com o canto começou em 2014. Para ela, o ato de cantar é, ao mesmo tempo, uma técnica “traduzida”, executada por suas cordas vocais, e um sentimento, captado ao ouvir outros elementos da música. Tal acúmulo e diversidade artística podem ser sentidos nas 8 composições de “Lunática”, segundo álbum da cantora brasiliense, que bebe do Pop Indie à nova MPB.


Imagem: divulgação


 

“A palavra e os significados das minhas músicas, para mim, são o que me conectam com a canção, comigo mesma” – ressalta a artista, que produziu e assinou 100% do novo trabalho durante a pandemia, em parceria com o seu “irmão de coração”, Dennis Novaes.

 

Multitarefa, Sucha é daquelas musicistas independentes que fazem de tudo. Do primeiro disco, “Inês” (2016), aos singles, ela assumiu diferentes atividades. Mas valeu a pena. Os trabalhos autorais de Ana Sucha alcançaram cerca 3 milhões de streamings. Num país tão carente da promoção de sua própria diversidade musical, trata-se de uma superação e tanto, especialmente para quem cria e luta por um lugar ao sol. A artista está feliz com a marca.


Foto: divulgação


 

Fiz a composição, passando pela produção; os conteúdos para diferentes redes sociais; a edição de vídeos; as artes; os clipes; os planos de lançamento para cada coisa e a assessoria de imprensa. E essas são só algumas das coisas que a gente acaba tendo de fazer” – enumera a cantora, que agora faz parte do selo Peneira Musical. Sucha acredita num papel mais relevante do Estado, na criação de oportunidades para os artistas brasileiros.

 

“Nesses últimos tempos, em especial, esse papel tem ficado cada vez mais distante, principalmente para a galera que está no mesmo momento da carreira que me encontro agora. O maior desafio dos artistas é não ter dinheiro. Temos uma diversidade absurda de talentos no nosso país e é muito triste acompanhar de perto a desvalorização e a falta de oportunidades e reconhecimento do nosso trabalho” – lamenta a musicista.

 

Canções plurais, no mundo da lua


Foto: divulgação


 

As conexões de Ana Sucha com as fases lunares se refletiram no processo criativo do álbum. A artista destaca que há, em “Lunática”, mudanças de som, tema, letra e vibe, em cada música, e que “cada um vai se identificar da sua própria forma com o álbum”.

 

Vivenciando o isolamento social, trancafiados, sozinhos em casa, Sucha e Dennis Novaes compartilharam momentos, alegrias, tristezas e medos. Uma das coisas que faziam, quase que diariamente, era chamar um ao outro, quando a lua aparecia na varanda da sala.

 

“Era o nosso momento de contemplar algo externo a nós e ao nosso apartamento. A lua passou a fazer parte do nosso processo. Ao nos conectarmos com ela, a gente se conectava com a gente também” – inspira-se a cantora.

 

Ouça “Lunática” aqui!  

 

FICHA TÉCNICA 

Produção Musical: Ana Sucha

Arranjos: Ana Sucha

Gravação e edição: Ana Sucha 

Mixagem e Masterização: Bruno Giorgi

Capa: Mari Blue



Instrumentos 

Bateria eletrônica, sintetizadores, guitarra, violão, coro, chocalho, atabaque, djambê, conga, piano, efeitos: Ana Sucha 

Baixo: Ana Sucha/ Bruno Giorgi



Ordem das faixas do álbum:



1. Solar 

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção lançada em Outubro de 2021.



2. Sem Medo

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção inédita 



3. Chapadas e Peladas

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção lançada em Março de 2022.



4. Seu Lugar 

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção inédita 



5. Sheila 

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção lançada em Março de 2022.



6. Deixa o Som Rolar

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção inédita 



7. Um Peixe Que Voa 

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção inédita 



8. Lunática 

Anna Sucha / Dennis Novaes

Canção inédita

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