Panorâmica do home studio "Toca do Rato". Foto: divulgação. |
Saiba por que a “Toca do Rato” é o
abrigo criativo preferido do multi-instrumentista Fernando Oliveira
A pandemia intensificou o que já era uma vocação para muitos músicos brasileiros:
utilizar home studios - ou estúdios
em casa, numa tradução livre -, para se criar e trabalhar em suas próprias
canções. De acordo com empreendedores experientes do setor, obter um espaço
para chamar de seu, de ensaios e gravações, empodera o artista, em diferentes aspectos.
Isso porque, dentre os mais criativos - que, por exemplo, tocam em distintos projetos -, há os que podem ter uma ideia genial para um arranjo durante a madrugada - quem nunca? -, e não podem perdê-la, de jeito nenhum. Nesse caso, às vezes, dá na telha testá-la na hora que ela surge, “mesmo que seja para descobrir que a ideia não era tão genial assim”.
Fernando Oliveira. Foto: divulgação |
É o que conta o multi-instrumentista Fernando Oliveira, que já possui, em Niterói (RJ), o seu próprio ‘cafofo’ musical – informalmente apelidado de “Toca do Rato”. O apelido existe porque é lá onde ele ensaia, com a banda Jimmy & The Rats, sem depender da agenda de outros estúdios. “Isso vale ouro! Posso gravar a hora que quero e dar as pausas que preciso, sem me preocupar com o "taxímetro" rodando. É mais liberdade para criar. Num estúdio alugado, cheio de gente em volta, você não teria essa flexibilidade” – compara Oliveira.
Investimento sob medida
O
estúdio de Fernando não tem tantos equipamentos de gravação, porque ele não o
criou, inicialmente, com o objetivo de produzir para fora ou alugá-lo para
outros artistas. O músico destaca que o modo de construir o home studio depende
sempre do objetivo pessoal do empreendedor: quem quiser trabalhar com produção e
fazer gravações de terceiros, precisa obter um equipamento mais completo.
Por outro lado, se pretende apenas gravar, por exemplo, suas próprias guitarras, como contratado, ou em projetos próprios, pode focar em conseguir o equipamento apenas para essas finalidades. No caso de Oliveira, um local próprio, para ele, servia mais como uma forma de registrar suas ideias instrumentais – sopros, cordas e bateria – e de composição.
Tempos depois, a “Toca do Rato” foi ampliada para a realização de ensaios. De acordo com Fernando, mesmo com quase todos os colegas de banda morando no Rio, ainda assim, financeiramente, compensa eles virem para Niterói, por conta do tempo e da tranquilidade para trabalhar. “Quando estou criando e compondo, naturalmente me vêm os arranjos de todos os instrumentos na cabeça. Passar tudo na mão para eles, em um ensaio, dava muito trabalho, gastava-se muito dinheiro e, ao final, não ficava bom” – analisa o músico, que, no dia a dia, foi aprendendo a gravar em casa e ir testando ideias para poder apresentar sua composição para a banda, já com uma demo completa.
Jimmy & Rats. Imagem: divulgação |
Equipamentos
Mas
quais são os materiais – mesa de som, microfones, bateria, caixas de som – que um músico precisa para começar a montar o seu próprio home studio? Muitos, sem
familiaridade com esses tipos de detalhes, ficam perdidos. Fato é que Oliveira
nunca se interessou muito por essa parte mais “chata” da profissão.
No
início, ele contou com a ajuda de amigos como Bruno Marcus (Tomba Records) e do
vocalista e colega de banda Jimmy London (ex-Matanza), que já atuava com produções
de áudio e entende bastante de som. “A maioria das coisas, eu comprei
deles, de segunda mão, ou pela internet mesmo” – destaca o artista.
A banda niteroiense Enzzo, nos anos 1990. Oliveira, Fred Martucci, Leo Costa e Bruno Marcus |
Para
gravar, Fernando usa uma placa de som de dois canais da M-Audio, num notebook
Dell antigo. Grava tudo com o mesmo microfone: um AKG condensador. O programa
que ele utiliza ainda é o Audacity, que é mais básico.
Além de
Jimmy e Bruno, Oliveira contou também com a ajuda do baterista e engenheiro de
som Pedro Falcon. Quando a Jimmy & The Rats quer fazer pré-produção
de discos, Falcon traz uma placa de som com mais canais e microfones melhores,
para um trabalho mais acurado.
De equipamento para ensaio, o músico utiliza microfones direcionais da Shure e Audio-Technica, além de uma mesa Mackie, de cinco canais. O amplificador de baixo é um Roland; de guitarra, um Oneal, de 220W; além de duas caixas de PA Datrel, de 250W. A bateria é uma Pinguim clássica dos anos 1970.
Acústica
O “Toca do Rato”
foi construído com paredes duplas e lã de vidro entre elas. A
porta e a janela são igualmente duplas. Uma das portas também conta com lã
de vidro interna, “tudo para o som não vazar”. “As placas de espuma foram
instaladas na medida do necessário. Como tratamento acústico interno, coloquei
aquelas placas de espumas onduladas (foto), sem cobrir todas as paredes, porque
a sala não é só de som (há muitas prateleiras e instrumentos dependurados e espalhados
em bags)” – enumera Oliveira.
No
local, há também tapetes por todo o chão; um sofá e uma estante cheia de cds e “tranqueiras”.
Somados, esses objetos quebram a ressonância do som do estúdio.
Para
diminuir a vibração da bateria no andar de baixo, foi preciso construir um
pequeno tablado de madeira com borracha, isolando-a do chão.
Muito legal a matéria!
ResponderExcluirObrigado! :)
ExcluirA toca do rato é super fofa e aconchegante! Parabéns, Fefis!
ResponderExcluirexcelente matéria!
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