Com apenas 20 anos, o cantor Caio Batalha transformou toda sua dor e revolta em arte e vem superando, com a voz, as graves situações de racismo pelas quais já passou na vida. O clipe de 'Vozes Sufocadas' foi realizado pela produtora 'Compplain', fundada por Caio e seus amigos, João Kromy e Arthur Masla, que também assinam com o artista a produção musical e do vídeo.
Apesar de jovem, Caio já é conhecido do grande público. Em 2018, foi um dos semifinalistas do quadro "Jovens Talentos", do Programa do Raul Gil, no SBT. Sua participação foi muito elogiada pelo diretor do programa, Raulzinho, que destacava sua personalidade musical e 'malemolência'.
Caio iniciou sua carreira aos 14 anos, participando de festivais estudantis pela Prefeitura do Rio, onde conquistou o primeiro lugar com a música “Tempo de solidão”. Seu estilo é bem variado, porém o R&B, o RAP e a MPB são suas preferências, na hora de compor. Em 2019, Caio Batalha lançou seu primeiro clip oficial com a música 'Bem que tá bom'. De lá pra cá, não parou de compor e garante que muita coisa boa está por vir!
Na festa de cinco anos do Sarau do Cahon. Foto: Facebook.
Nascida e criada na comunidade do Inferninho/Macedo Soares, em Piratininga, Niterói (RJ), a cantora, violonista, baixista e percussionista Mayara Palmeira começou a dedilhar os primeiros acordes de violão aos 15 anos de idade. Cresceu vendo os shows de Michael Jackson, no HIStory Tour. Foi com ele que aprendeu a dançar e a cantar. Ela o via na TV e queria fazer tudo aquilo. Autodidata, canta desde criança, mesmo sem ter feito aulas.
Mas foi com a professora de canto, Laura Valladares, que Mayara começou a melhorar sua técnica. Desde os 18 anos, ela canta profissionalmente em bares, restaurantes e festas de aniversários:
"É a minha vida! Já fiz até o Moto Fest de Maricá, com a banda Biokimi-K. Depois de um tempo, pensei até em desistir, porque eu não me sentia à vontade - até mesmo castrada -, enquanto artista. Resolvi resgatar minhas músicas, que compus quando tinha 15 anos, e comecei a me apresentar sozinha, com o incentivo de alguns amigos músicos que acreditam no que faço e sempre me apoiam".
Foto: Matheus Accorsi
Tomando coragem, hoje, para a artista, é mais do que necessário cantar suas músicas e apresentar o seu trabalho.
Em 2020, ela iria começar a fazer algumas gravações com o Daniel Cahon, com quem trabalha produzindo o Sarau do Cahon. A ideia era preparar material de foto, vídeo, e começar a pagar o MEI (Micro Empreendedor Individual), para tirar a carteira de musicista e produzir eventos. Antes da pandemia, ela também estava disposta a pagar por serviços que alavancassem o seu trabalho, tornando-os rentáveis:
"Eu ia até me mudar, mas a quarentena jogou um banho de água fria em todos os meus planos e acabei tendo de gastar o dinheiro que eu havia juntado - e era destinado ao investimento da minha carreira".
Além de cantar, Mayara faz freelancer como garçonete, no tradicional Restaurante Seu Antônio, em Piratininga, que fechou por conta dos protocolos sanitários de enfrentamento à Covid-19:
"A vida de musicista não paga minhas contas sozinha, mas me ajuda muito a sobreviver. Agora, não tenho nem um trabalho nem outro: apenas o auxílio emergencial. Com ele, pago as contas, vou ao mercado, e só; fim: acabou o dinheiro".
Foto: Facebook.
Batalhadora, ela não desiste. Atualmente, está tentando buscar uma forma de conseguir alavancar um "chapéu virtual", através das redes sociais. Afinal, música é como o ar que Mayara respira:
"Quando eu ainda estudava na UFF, dividia o meu tempo, também, com o trabalho de garçonete, no restaurante, e a música, sempre em busca do meu sonho. Eu só quero uma oportunidade! Acredito no que escrevo, toco e canto. Sei que tenho um diamante bruto, que preciso lapidar. Quero correr atrás disso, botar meus projetos pra frente, fazer meus eventos, criar projetos culturais aqui na comunidade onde moro, nasci e me criei! Amo esse lugar e quero torná-lo referência, porque, aqui, temos vários artistas que não são reconhecidos. Somos nós por nós mesmos!".
Experiência de Mayara como artista:
Banda Osírius - voz e violão - 2009 a 2012.
Performance e execução musical, ao vivo, em eventos como festas, aniversários e
casamentos. Voz principal e violonista.
Banda Mírah - contrabaixo - 2011 a 2013.
Performance e execução musical, ao vivo, em festivais,
como contrabaixista: arranjadora nas composições autorais da banda.
Banda Ducarma - voz - 2016 a 2017.
Performance e execução musical, ao vivo, em eventos como aniversário de
motoclubes, por exemplo; shows em bares e restaurantes, como vocalista da banda.
Operando Sem Batuta - voz (coral) - 2016 a 2018.
Execução musical e performance de óperas no coral do projeto como coralista
contralto.
Banda Power - voz e percussão - 2017.
Execução musical e performance em eventos como festivais, shows em bares e
restaurantes. Voz principal e percussionista da banda.
Banda Biokimi-K - voz e percussão - 2017 a 2018.
Performance e execução musical em eventos da prefeitura de Maricá (RJ), como o Moto
Fest da cidade. Eventos, como aniversário de motoclubes. Voz
principal e percussionista da banda.
Desligar-se da matéria para liberar o sentimento. A ancestralidade do sofrimento do povo preto vem à tona na voz do guitarrista, cantor e compositor Gilber T, que disponibilizou, ontem, aqui, a sua interpretação para "Sinnerman", canção de Nina Simone quevirou um dos símbolos-marco da época dos conflitos sobre os direitos civis nos Estados Unidos.
"Coincidentemente", nas últimas semanas, com a morte de George Floyd e a marcha mundial do Lives Black Matters (vidas negras importam!), muita gente lembrou da música. Com Gilber não foi diferente:
"Minha busca sempre foi a profundidade das coisas e, quando eu não as conheço, preciso assimilá-las, até para não retomá-las, se for este o caso. Sinceramente, não gravei a canção pelo momento. O que está rolando eu já canto em minhas composições e me cerco de iguais que contestam e protestam pelas mesmas coisas. Sinnerman foi uma feliz coincidência porque vidas negras importam - e muito!".
Imagem: Facebook
Confira o clipe:
Tudo começou quando, num dado momento, com a sugestão do amigo e produtor Tomás Magno, o músico vislumbrou regravar a obra; extremamente significativa, neste momento histórico de pandemia pelo novo coronavírus e da luta contra o racismo, nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Em junho de 2019, Gilber já estava com a estrutura da canção bem adiantada para gravar. À ocasião, ele havia convidado o baterista Robson Riva (Seletores de Frequência) para fazer um registro na Tomba Records, em Niterói (RJ). Amarrados à gravação de piano, guitarras, contrabaixos e synth - que já havia feito em casa - o artista procurou interpretar o tema "sem a vaidade de induzir sentimentos alheios, através de maneirismos ou alguma verdade que não fosse a dele":
Maurício Garcia, Gillber e Robson Riva. Foto: Facebook
"A voz foi a parte mais difícil, porque a Nina tomava todas as músicas para ela e, aos meus ouvidos, todas as versões dela são definitivas, impecáveis e clássicas. Eu queria o meu tom e andamento; respeitar as minhas próprias limitações. Preparei-me meses, não só para decorar a letra. Era preciso assimilá-la de tal forma a não pensar nela, mas, sim, no seu real significado".
A intenção era lançar, naquele final de 2019, entre o Natal e o Ano Novo, como uma forma de "exorcizar tantos acontecimentos estranhos e um sentimento de impotência ante a intolerância e toda sorte de absurdos". Adentramos 2020 e se passaram alguns meses:
"Lembro de um último show com o Bnegão e os Seletores de Frequência, em São Paulo. Tocávamos as músicas do Sítio do Pica Pau Amarelo. Foi muito bonito. Ao término, já era anunciada a quarentena, que se iniciaria efetivamente em todo o país, por tempo indeterminado, devido à propagação da Covid-19. O simples ato de ligar a TV para assistir um noticiário me deixava muito desiludido. Mas não foi daquela vez que uma espécie de tristeza e apatia me venceu".
No lançamento de "Brodagens", de Pedro de Luna. Foto: Facebook.
Sensação que acomete muita gente do meio musical durante a quarentena, muitas vezes o fato de estar com todo o tempo do mundo para produzir, com todos os equipamentos disponíveis, não significa, necessariamente, tesão para fazer qualquer coisa:
"Incrivelmente, amanhecia e eu sequer conseguia olhar para um instrumento. Rolava uma apatia e um vazio criativo, que me assolou durante semanas. Quando eu achava que ia dar, pintava a notícia de que alguém próximo perdeu a vida pela Covid".
Numa manhã, Gilber ligou para a mãe. À ocasião, conversavam sobre o privilégio de poder estar em casa, mantendo a quarentena, enquanto profissionais de saúde não só arriscavam suas vidas, mas eram submetidos à fúria de negacionitas:
"Daí, ela me falou: 'você viu o que aconteceu com aquele menino? Que coisa horrível!'. Era sobre a morte do menino João Pedro, no complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ). Eu já começava a registrar algumas coisas, mas, naquele momento, fui da tristeza profunda à vontade de gritar algo; a versão que tinha quase pronta me retornou como o grito que meu peito queria por para fora. Retornei à canção com o Bruno Marcus fazendo a mixagem e todas as trocas, feitas remotamente, em nossas casas".
Com o amigo - também músico - Mário Travassos, falecido em 2017
O sentimento de Gilber em relação à Sinnerman é espiritual. Trata-se de uma canção que atravessou séculos, primeiramente sendo cantada por escravos e, depois, assimilada e absorvida pelo gospel norte-americano, como uma música de expurgo:
"Em minha mente, foi uma forma de fazer minha mea culpa de pecador convicto - de alguma forma. Precisamos enxergar o quão falhamos como pessoas, sendo intransigentes, vivendo privilégios para salvar a própria pele, sem dar a devida importância a quem só quer viver e fazer viver, mesmo com tudo indo contra".
Quem é Gilber T?
Com três álbuns gravados pela Tomba Records ("Eu não vou morrer hoje", de 2010; "Dia incrível", de 2014; e "Contradições", de 2016), Gilber T vem da efervescente cena underground de São Gonçalo e Niterói dos anos 1990, época em que tocou na banda Tornado, de hardcore/rap (crossover):
"Sempre cultivei carinho e respeito pelas cenas rock e hip hop".
Em 2016, o jornalista e escritor Pedro De Luna lançou o livro "Brodagens", que Gilber não considera uma biografia:
"Aceitei cumprir o papel de fio condutor, para falar de uma cena frutífera de artistas e bandas dos anos 90. Achei algo muito importante, porque a obra fala de meninos e meninas que botavam a mão na massa numa época sem internet. Era tudo presencial. Compartilhava-se música em trocas e cópias de fitas k7, informação em revistas e fanzines (venho de longe rs !). Então, não é possível, para mim, falar ou fazer algum trabalho artístico que não seja para provocar, através do estranhamento ou no simples impulso de transmitir amor numa canção tradicional como Sinnerman".
Vocal, guitarra, sintetizador, contrabaixo e arranjo por Gilber T.
Piano e Backing Vocal: B Brecht.
Bateria: Robson Riva.
Gravado e mixado entre 2019 e 2020 na Tomba Records e na T' House.
Produzido por B Brecht e Gilber T
Masterizado por Seu Cris no Estúdio La Cueva.
Ficha técnica ( Vídeo):
Direção, câmera e ator: Rabu Gonzales.
Câmera: Isabel Valente.
A banda Outono Sem Maio é o resultado do encontro de um inveterado romântico com um punk embalado pelo 'bregarock'. Inspirados pelo rock dos anos 70, 80 e 90, o grupo carrega influências que vão do Post-Punk ao Indie Rock, não deixando de lado a diversidade da música brasileira.
Tudo começou com um convite de Xha para Ned. A ideia de participar da gravação de uma de suas canções, Assim é melhor viver (Outono Sem Maio 2018-2020), transformou-se numa imersão musical que virou projeto de disco.
A dupla selecionou oito músicas autorais, fruto de meses de trabalho e maturação do som, para compor o álbum "A NOSSA MÚSICA", que está em processo de gravação, já com o single de "Assim é melhor viver", oficialmente lançado em junho de 2020, como conta Ned:
"Nos mudamos para a mesma casa e passamos o ano de 2017 inteiro compondo e tocando praticamente todos os dias. Foi então que decidimos juntar estes dois ep's num disco só. Cada um escolheu quatro canções e, assim, nascia nosso projeto A NOSSA MÚSICA. Depois de muito trabalho, focados nestas oito canções, em junho de 2019 entramos na Tomba Records para começarmos a gravar o disco, definitivamente. Um mês e meio depois, o Xha sofreu um acidente seríssimo e quase morreu. Tivemos que interromper as gravações, sem previsão de volta".
Mas o autor da obra destaca, também, que eles não contavam que 2020 nos reservaria a pandemia do novo coronavírus, fazendo-os interromper o trabalho iniciado há cerca de dois anos:
"Depois que o Xhá se recuperou do acidente, este disco já era pra estar na pista; mas só temos uma música dele fechada e pronta para ser lançada. E é com ela - que nos colocou juntos em estúdio pela primeira vez - que inauguramos esse trabalho".
A arte da capa do single é do artista Rafael Hari Mohan, tatuador de Niterói e amigo de infância de Ned
Letra e música: Xha
Poesia: Joyce Rodrigues
Xha - vozes, baixo e guitarra base
Ned - vozes e poesia
Iara Roccha - vozes
Nagao Paulo - guitarra solo
Bruno Brecht - piano
Fernando Oliveira - bateria
Arte da capa: Rafael Hari Mohan Das
Gravada no estúdio Tomba Records, em Niterói-RJ, nos anos de 2018 e 2019. Versão single 2020.