domingo, 25 de setembro de 2022

Tori lança single de "Descese" e se prepara para lançar álbum com parcerias consagradas


Primeiro lançamento solo, em cinco anos de carreira, o single de "Descese" - faixa título do futuro álbum de Tori (Vitória Nogueira) - reflete um estado de comunhão com o que já existe no plano terreno. A letra traz a artista em contato com o real, como um processo de se tornar "cada vez mais gente", na sua sensibilidade e vastidão criativa.  É com esse espírito que a musicista e cantora sergipana, que já circula na cena independente nacional com elogiados projetos - como a banda Ipásia -, vem preparando o seu primeiro disco completo.



Foto e direção de arte: Luli Morante (com Jolly Barreto)






"No conto "Perdoando Deus", de Clarice Lispector, a personagem se depara com um rato morto e viaja; na "Paixão Segundo G.H", a personagem se depara com uma barata e viaja. Elas viajam, colocam-se e/ou são colocadas em contato com a própria humanidade, a partir daquele encontro. A ideia é descer "um degrau abaixo do mundo". Nossa cabeça talvez ande viciada em enxergar as grandezas como ascendências. Gosto muito de sugerir mais do que afirmar; deixar espaço justamente para criação de quem ouve minhas músicas" - ilustra. 




Fotografia de Elisa Maciel e direção de arte de Clara Acioli





Para Tori, a letra de sua canção tenta conectar a criatividade do artista à que é inerente a "qualquer pessoa atenta, sensível e aberta ao encontro e à presença com o que já existe, com o prosaico". Ela avalia que não se vislumbra um final para a jornada e não se que quer chegar a um lugar acima, ascendente, mas, sim, "talvez, adentrar as profundezas dos outros seres e coisas. Por consequência, de si mesmo". 

MPB longe de um lugar-comum

Fato é que, em letras, arranjos e composições, a música de Tori se destaca pelo fato de não pertencer a uma categoria definida, que se encaixe em alguma espécie de "prateleira". 

A artista conta com Bem Gil, Bruno di Lullo e Domenico Lancellotti - três nomes de peso da música brasileira -, na produção; além da participação especial de Bruno Berle, em "Descense".

Durante o auge da pandemia, ela conheceu e se apaixonou por Mãeana, e as composições de Lancellotti. "Nesse disco, acho que em algum lugar tem um pouco disso tudo. Há muito de João Mário, da El Presidente, compositor de três canções do meu disco: uma em parceria comigo". 

"Confiei muito em Gil, Bruno e Lancellotti para essa missão de produzir, sem medo, porque já conhecia e admirava o trabalho deles, enquanto produtores e compositores. Fiquei muito feliz quando entendi, mostrando minhas canções, que existia de fato um terreno criativo comum entre a gente. E a partir daí, foi muito fluido transformar as músicas no que elas se tornaram" - ressalta a cantora.

Eclética, dentre as referências artísticas citadas por Tori, constam nomes como Lô Borges; Nelson Angelo; Joyce; Caetano Veloso; Itamar Assumpção; Fiona Apple; Boogarins; Warpaint; Radiohead; Broadcast; Ana Frango Elétrico; Anelis Assumpção; Madame Javali; Sandyalê; El Presidente e muitos outros. "É difícil dizer quais são as principais" - conclui. 

Ouça “Descese”: https://links.altafonte.com/descese  

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Em primeira turnê pelo Sudeste, ELON apresenta o espetáculo do EP "TATEIA" em SP

Artista passou pelo Rio e outras duas cidades fluminenses

Do sertão paraibano, ELON traduz, em forma de canto, a luta e o empoderamento de afetos LGBTQIA+ de um artista que nasceu e se criou na cidade de Pombal (PB). Município berço do poeta popular Leandro Gomes de Barros - o 'pai do cordel brasileiro' -, a localidade é próxima à Serra do Teixeira, de onde surgiu o repente. Na sua primeira turnê pela região sudeste, ele traz, hoje (22), o espetáculo do seu EP, TATEIA, ao Teatro da Rotina, em São Paulo - após ter passado pelas cidades do Rio, Niterói e Nova Iguaçu.


ELON, acima, e Helinho Medeiros. Foto: Áurea Caroline


Ao lado do produtor musical do disco e músico que o acompanha no show, Helinho Medeiros - que também é de família sertaneja -, ELON não nega suas origens: produzido na Paraíba, TATEIA é, essencialmente, um EP de canção nordestina. A sonoridade de TATEIA estabelece uma ponte entre o tradicional repente nordestino e uma linguagem musical mais contemporânea da Música Popular Brasileira. Há um "quê" de ousadia sonora, que remete o ouvinte à brasileiríssima vanguarda experimental de Tom Zé. "Nossas escolhas propõem um novo olhar, ouvido ou tato, na linha que segue o nosso cancioneiro. Penso que posso classificar o meu trabalho como Nova MPB. Mas, com suas diversas nuances, ele também persegue o experimental, o pop e o jazz" - enumera o cantor.

O músico paraibano observa o quanto é interessante notar como somos, na música brasileira, uma extensão de experimentações estéticas, propostas dos anos 1960 e 1970, "buscando renovação sobre a música do nosso tempo, a partir do nosso próprio habitat cultural". 

Amor como ato político  

O processo de conexão de ELON com o seu público se dá através da reflexão sobre a natureza e "questões existenciais e afetivas". Para ele, essa seja, talvez, a primeira ligação humana entre o artista e quem lhe dá audiência. "Mesmo trazendo certa densidade, o show "TATEIA" se faz muito próximo do público, através do humor e da sensualidade de uma dor elegante. É no espetáculo que temos experimentado e descoberto esse lugar de conexão" - afirma.

O músico enfatiza que a vida é política. E, como dimensão da vida, a arte é - em sua avaliação - atravessada pelo contexto e pelas relações que temos. Em tempos de tanta violência e transformações individuais e coletivas, para o compositor, o amor é uma construção e, sobretudo, um ato político. ""TATEIA" foi concebido no contexto da pandemia. Foi um jeito de reagir ao que passamos em comum mesmo, no distanciamento".  

Musicalmente, o artista acredita que o Brasil vive, hoje, um momento de fertilidade. Isso porque, segundo ele, tem-se produzido "muita coisa interessante na música brasileira contemporânea", por conta, talvez, de hoje em dia haver "muito mais acesso à diversidade, através das plataformas digitais". Por outro lado, ELON observa, também, que há uma potência reprimida, "que precisa encontrar espaço sustentável no mercado, para ter acesso a mídias mais amplas". "A Paraíba, por exemplo, é um fervor de criação que o país ainda não conhece. Acredito que essa circulação que faremos seja parte de algo grande, que já está acontecendo. De algum modo, sim, estamos conseguindo furar bolhas. Sempre pareceu muito difícil alcançar esses espaços. É preciso abrir caminhos. E estamos em movimento" - comemora.

A turnê de ELON e Helinho Medeiros - que também integra, há 10 anos, a banda de Chico César - resulta da aprovação do projeto no edital "SESC Pulsar". "Estamos produzindo tudo com muito afeto porque acreditamos na mensagem que esse projeto leva ao mundo" - conclui o artista.

O show "TATEIA" ocorre hoje, às 20h30, no Teatro da Rotina: Rua Simão Álvares, nº 697, em São Paulo. 

Ouça o álbum “TATEIA”: https://bit.ly/tateia

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Sonoridade eclética e de poética feminista marcam novo single de IOYTE: "Revés"

Após o sucesso do lançamento do single de estreia, "Hour of the Birds" - eleito melhor clipe independente de maio de 2022 -, Tainá Medina e Christian Dias (IOYTE) lançam "Revés", no que pode ser considerado um aperitivo do primeiro EP do casal. Propondo algo incomum no mercado da música brasileira atual - que privilegia mais o pop, o funk e o sertanejo -, a mistura e o ecletismo sonoro da dupla salta aos olhos.

Foto: Juan Cifuentes


Isso porque a beleza de "Revés" se deve ao fato de haver algo de Baden Powel e Vinícius de Morais numa música que se alia à necessária mensagem do empoderamento feminino, em voga na nossa sociedade.

Escrita em 2016, a faixa "veio do processo de olhar para certas feridas mais profundas e querer transformá-las, ser mais forte". Tainá Medina destaca que toda composição é atravessada pelas músicas que escutamos, ao longo da vida. Para ela, existe algo da "ordem do invisível", onde dialogamos com todos que vieram antes de nós. "É uma música que deseja fazer essa ponte. É muito íntima. Surgiu como uma oração, para acalmar o coração da minha mãe, para empoderar mulheres como ela, que dedicaram suas vidas à família e que, depois, sofrem um processo de solidão muito cruel" - explica Medina.


Divulgação


Bossa nova e rock and roll, para além da própria bolha musical


Musicalmente, a artista avalia que os afro-sambas entraram como uma grande referência para "Revés", quando a dupla voltou a trabalhar na canção. Além de "beber muito em Dorival Caymmi", há também "uma atmosfera alienígena, etérea", de músicas como as da Bjork, e um rock pesado dos anos 90. "A gente gosta muito de mistura" - salienta Medina, acrescentando não haver como furar bolhas diversas daquelas que estamos habituados a circular. "A ideia é apostar em tentar criar obras com as quais as pessoas se identifiquem e criem um vínculo emocional, que não seja tão passageiro quanto a última dancinha". 

A musicista reflete que, em meio a vários lançamentos por dia, atualmente, é "muito difícil" fazer qualquer tipo de música chegar nas pessoas, porque o acesso à tecnologia democratizou a produção musical e dificultou que artistas se destaquem, "em meio a tanta coisa". Ela destaca que seu objetivo é criar uma base de fãs solida, mesmo que em números ainda pequenos. "Principalmente porque os algoritmos seguem critérios muitas vezes visuais. É muito triste perceber que os artistas estão sendo obrigados a se tornarem criadores de conteúdo, ao invés de dedicar tempo e energia ao seu processo criativo. Essa demanda incessante de lançamentos regulares vai à contramão do cuidado e a paciência que o processo criativo e de gravação demandam". 


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Disstantes ecoa grito contra fake news em "Mentiras (Faz Fake)"

De pegada predominantemente eletrônica, feita a partir de samples, beats e canto falado, o projeto musical Disstantes lançou, na última sexta (16), o clipe de "Mentiras (Faz Fake)". O vídeo, que atingiu cerca de 1000 visualizações, em apenas três dias, é fruto de uma ideia de base musical montada pelo guitarrista, vocalista, produtor musical e compositor Gilber T (Latinos Dançantes, Tornado)  - um voltmix, clássico beat (batida) de Miami Bass, assimilado pelo funk carioca dos anos 1990 -, e faz críticas ácidas à vida efêmera propagada pelas redes sociais e à onda de fake news, que vem assolando o Brasil, nos últimos anos.
 
Marco Homobono e Gilber T. Foto: Isabel Valente e Carol Aranha

 
Após inúmeros testes, com distintas formas de encaixar palavras e frases da música na batida, o vocalista, guitarrista e compositor Marco Homobono (Djangos, ex-Kamundjangos) - parceiro de Gilber no projeto - chegou com a ideia de um refrão aparentemente ingênuo, que a dupla vislumbrara ter a função de um "Cavalo de Troia" para o assunto que queriam abordar. "Um mundo ficcional, onde o fato de algumas pessoas estarem atrás de um computador ou celular, torna-as juízes, Messias e algozes sobre assuntos da vida de tantas outras, que buscam apenas confirmar o querem ouvir" - destaca Gilber.
 
 
 

 
 
Marco Homobono conta que as ideias para a música surgiram durante o confinamento e o distanciamento social, com tudo feito à distância - "daí o nome da dupla". Papo vai, papo vem, surtiu "o famoso vamos fazer algo juntos". "E aí eu respondi: manda uma letra, uma base, manda qualquer coisa. O Gilber mandou um beat sinistro que ele tinha feito. De imediato, já coloquei letra e mandei. Ele também escreveu a parte dele e daí nasceu a primeira música". 
 
Ressurgimento criativo
 
Para Gilber T, a sociedade brasileira continuará vítima e propagadora de fake news, mesmo com a iminente derrota do atual presidente, em outubro próximo. O músico constata que, infelizmente, parte da população adotou essa prática. "Às vezes, parece que vejo isso aplicado em demasia, nas questões que envolvam visualização e monetização de redes e plataformas. Até um click bait soa como um fake "simpático", que algumas pessoas engolem. É um acontecimento mundial, não é um fenômeno novo e, se dá dinheiro, se derruba governos, ideias e culturas, quem sou eu para dizer? Mas, sim: é o parasita que se hospedou nesse novo tempo" - reflete.
 
Gilber, que testemunhou amigos e artistas vendendo ferramentas de trabalho para comer, durante o auge da pandemia de Covid-19, ressalta que o Disstantes nasceu de uma tempo recente, em que vimos a morte próxima, circulando entre nossas famílias, num contexto nacional de ataques, que reforçaram um sentimento de banalização e dispersão cultural. "Havia muita depressão e desvalorização contínua de esforços criativos. Mas sinto que as pessoas estão ávidas. Uma das frases de uma letra do nosso álbum, que chega em fins de setembro, diz - "sobrevivendo à margem do hype, fluxo criativo com ou sem like" - representa o sentimento, não só do Diss, mas de todo mundo que vive o independente, procura linguagem própria e abre seu caminho da melhor forma possível" - filosofa o guitarrista.
 
Parcerias
 
 
Imagem: Facebook

 


Parceiro dos Disstantes, o coletivo Rockarioca também surgiu durante a pandemia. Enquanto Gilber T e Marco Homobono gravavam singles, amadurecendo ideias para construir um álbum em esforço coletivo, o baterista e editor Pedro Serra - diretor do clipe de "Mentiras" - pavimentava um coletivo estruturado e organizado, com 25 bandas e artistas. "Sentimos muito orgulho desse sentimento de família. Um ajuda o outro, neste que é um movimento idealizado e formado por artistas independentes do Rio. O fato de o Rockarioca ter colocado músicas nossas para tocar e nos divulgar chama a atenção de outros meios. Considero o coletivo como um fomentador artístico de diferentes formas de expressão independente: música, artes plásticas, produção, arte digital, vídeo e informação" - elogia Gilber.  
 
A cantora Dani Vallejo (Blastfemme) ficou "muito feliz", ao ser convidada para cantar em "Mentiras". "Aceitei logo de cara, tanto pela letra atual e necessária, como pela parceria que temos. Fiquei muito honrada com o convite. Foi muito divertido participar do clipe".
 
 
 
Dani Vallejo com a Blastfemme, no Circo Voador. Foto: Facebook


 
Além de Gilber, Homobono, Dani e Serra, "Mentiras" contou com a participação de Seu Cris (Estúdio La Cueva), na masterização, e de Maurício Garcia Mauk (Mauk e Os Cadillacs Malditos e Big Trep).


 

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

No clipe de "Dormente", DNSM faz reflexões políticas que estão na ordem do dia

Música integra EP "Despertar"



O lyric vídeo de "Dormente", da banda DNSM, é uma música que aborda fatos do atual governo, do ponto de vista de quem não está em cima do muro. O clipe alerta e contesta as fake news que dominam o imaginário de um importante segmento da sociedade brasileira (cerca de 30% da população).



Divulgação



Com posições claras contra o bolsonarismo, o grupo paulistano reflete sobre temas contemporâneos - ao som de muito rock and roll, sintetizadores e música popular brasileira. Assim é, também, todo o EP, lançado recentemente por eles: "Despertar".

"Dormente" nos alerta, também, que, mesmo após o despertar - com a iminente derrota de Bolsonaro -, é possível que ainda tentem nos aprisionar em crenças limitantes. Afinal, o bolsonarismo pode, ainda, continuar presente na nossa sociedade, mesmo com o fim do governo, em dezembro de 2022. 







Para o vocalista JJ Zen, as ideias bolsonaristas remetem às dos integralistas da década de 30, com Plínio Salgado, ou os fascistas "à moda brasileira". Ele ressalta que o partido de Roberto Jefferson (PTB), que apoia Bolsonaro, é "a casa dos integralistas". E, mesmo que o presidente seja derrotado em 2022, as ideias dele vão continuar. "Isso já dura quase um século. Aliás, durante a política da boa vizinhança dos Estados Unidos - que usa do soft power para levar o Brasil para o lado deles -, os americanos deixaram de investir em uma possível "Hollywood brasileira", porque o nosso país era 'muito conservador e não estava pronto para isso'. Longe de defender os EUA ou apoiar a interferência deles na política da América Latina; mas Bolsonaro é apenas uma consequência da atrofia cultural do Brasil" - questiona. 


Zen avalia ainda que sensibilizar quem não se atenta a valores que realmente deveriam importar para a coletividade é um dos principais desafios, para que a mensagem de sua música atinja mais pessoas. Eis o caso, por exemplo, dos bolsonaristas. "Estes dias, recebemos um comentário, no YouTube, que dizia o seguinte: 'É tipo Pink Floyd. Se souber separar a música da mensagem, é 10! Se não, é melhor partir pra outra! A música me agrada, o tema, nem tanto!”. Constatei que quem escreveu isso é apoiador do Bolsonaro. Acho praticamente impossível que o núcleo duro que o apoia veja o nosso vídeo e tome consciência. O sentimento deles é muito, mas muito mais forte. Além disso, o DNSM é um grupo independente e sem um grande alcance na mídia, capaz de possibilitar que  nossas ideias atinjam um alcance maior" - ressalta. 



Foto: Ishihara Marques



Diante do cenário atual, o músico se aprofunda no tema das bolhas e segmentações artísticas e políticas, impostas pela Internet, destacando que o potencial para furá-las deriva de dois aspectos: educação política e algoritmo das redes sociais. 

De acordo com JJ Zen, frases como a do empresário Roberto Medina, de que “a música não tem lado”, é "quase como afirmar que artistas como RATM, Ratos de Porão, Nina Simone e Tom Zé devem ficar calados enquanto ele (Medina) fatura muito com isso". "Precisamos deixar de lado o discurso de que política não se discute". 

A influência dos algoritmos das redes sociais em resultados de fatos históricos recentes, como o Brexit, na Inglaterra, e as eleições de Trump, nos Estados Unidos, e Bolsonaro, aqui no Brasil, também é algo que inquieta o artista. "As redes sociais devem ser regulamentadas, em caráter de urgência, e reafirmo: não se trata de proibir de se falar de política" - enfatiza.  

Ninguém solta a mão de ninguém

O DNSM obteve dois investimentos do Estado, durante sua trajetória. Com o ProAc, em 2018, eles gravaram o EP “Devaneios De Uma Mente Ordenada”. Já com a Lei Aldir Blanc, em 2021, convidaram outros artistas para tocar ao vivo. Com este aporte financeiro, foi possível pagá-los. Eram músicos "que não tinham um centavo no bolso, durante a pandemia". "Ajudamos os que estavam em situações mais difíceis, no projeto de 2021, da lei Aldir Blanc, até com dinheiro do próprio bolso. Eu não saberia quantificar ou qualificar a importância de derrotar este projeto político atual. Mas diria que ele é a razão da minha função como artista e ser pensante na nossa sociedade" - destaca JJ Zen.

Ouça “Despertar”: https://found.ee/dnsm_despertar

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Antonio Vieira e Seus Nascimentos resgata rock and roll de humor ácido no álbum "Contemporaneirade"

Idealizado pelo cantor, compositor e multi instrumentista Max Nascimento, Antonio Vieira e Seus Nascimentos traz um rock and roll vibrante e de humor ácido. O som remete o ouvinte às memórias afetivas de nomes como Raul Seixas. Apesar da influência musical de "ontem", as nove faixas de "Contemporaneidade" - primeiro álbum de Max - não estão nem um pouco datadas: musical ou tematicamente, trata-se de um álbum completo, que chama a atenção de ouvidos mais atentos aos fatos do Brasil de 2022.


Divulgação

Max confessa que "essa coisa com o Raul foi uma apropriação estilístico-cultural, para facilitar a assimilação do ouvinte". Aliás, esse é um tipo de retorno do público que o deixa "muito feliz". "O humor ácido, o sarcasmo e a ironia são estilos literários, figuras de linguagem próprias para confrontar sem ferir. Geralmente, o artesão linguístico, que utiliza essa característica estilística, e o leitor, ouvinte, são considerados pessoas inteligentes" - filosofa. 

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Rebeldia pedagógica


Além de músico, Max Nascimento é, também, educador musical. Para o compositor, certas profissões, quando executadas de forma correta e com o coração, contribuem para o desenvolvimento artístico. "A educação musical me oportunizou esse desenvolvimento, principalmente da mente criativa: ferramenta substancial para o educador. Estou usando a minha obra de arte para educar. O intuito é esse. A crítica social vai existir para sempre. É necessário" - frisa. 





Músico premiado


Nascimento já levou prêmios no 56° Festival de Música e Poesia de Paranavaí e o concurso da Rádio Inconfidência, no 2° Prêmio da Música Popular Mineira: "muito importantes" para a carreira. O artista destaca que procura fazer um 
“produto com o máximo de qualidade", dentro das  condições disponíveis. "Receber esses prêmios foi resultado de um trabalho árduo e gratificante. Os arranjos foram pensados por mim, executados e complementados pelo grande e talentoso Jorge Continentino. A beleza deles - que têm uma pegada jazzística, com metais “quentes” -, fez com que esse álbum tenha um diferencial" - elogia.

Ouça “Contemporaneidade”: https://bfan.link/contemporaneidade-1 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Rafa Martins e Bola inauguram parceria com single de "Calcanhar"

Foto: Mateus Oliveira


Conhecidos pelas bandas Selvagens à Procura de Lei e Zimbra, os músicos Rafa Martins e Bola se juntaram para lançar o primeiro single da parceria: "Calcanhar", pelo selo Midas. Trata-se de uma música com uma vibe instrumental, que remete o ouvinte a uma linguagem musical mais pop, de poética sofisticada. 

Segundo Rafa, todo o processo da faixa foi conduzido da forma menos pretensiosa possível. Ele tinha a composição feita e a levou para Bola, que a ouviu e já trouxe "umas referências bem legais e mais dentro desse universo pop do que eu". "O foco sempre foram as vozes. Deixar elas soando bem juntas, num arranjo instrumental mais limpo. Eu acho que há elementos diferentes nela também. As guitarras que gravei estão conversando com uma pegada mais bedroom pop/indie, por exemplo" - ressalta. 

 

Divulgação

 

 

O músico acredita que sua obra o remete a Connan Mockasin, que é uma grande referência para ele. Nacionalmente, observa que a sonoridade da dupla pode ser comparada com Vitor Kley. "Eu curto e ouço pop. Embora não tenha me inspirado no som dele, admiro o Vitor como ótimo artista que é. Estou cada vez mais desprendido de soar de algum jeito, curtindo produzir de uma forma mais livre, seguindo minha intuição sobre o que a composição pede" - destaca o artista. 

Influências de projetos paralelos 

Essencialmente, Selvagens à Procura de Lei é uma banda de rock, de duas guitarras, baixo e bateria. Quando Rafa leva suas composições para a banda, elas vão tomando aquela estética. "Por outro lado, no meu rolê solo é onde consigo me divertir produzindo. Posso experimentar caminhos, de forma totalmente aventureira. É o meu laboratório, onde eu posso me aperfeiçoar como compositor, músico e produtor. Toda essa bagagem acaba respingando nos Selvagens também" - compara. 

Bola avalia que - apesar de diferentes - é inevitável não haver influência entre seus projetos paralelos - Zimbra e a atual dupla. "A intenção do trabalho paralelo da nossa parceria é passear por lugares que, com a banda, a gente não vai. São ambientes musicais um pouco diferentes e de características particulares".

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

"Olho da Rua", de Pedro Cassel, lança novos olhares sobre isolamento social de 2020

Faixa contou com participação de Juliano Guerra

Lançado pelo coletivo de criação musical OcorreLab, o single de "Olho da Rua", do cantor, compositor, instrumentista e escritor Pedro Cassel, ganhou melodia de Juliano Guerra, que também canta na música. A faixa integra o novo álbum de Cassel, "Boca Braba", a ser lançado neste mês de setembro. 


Foto: Luiza Padilha

O conceito da letra vem da constante necessidade humana de se encontrar, de estar com outras pessoas, dividindo experiências - impedidas pelo auge da pandemia, em 2020, quando a canção foi composta. "A letra nasceu no contexto pandêmico e está cheia de pistas para quem teve a vivência. Mas busquei ampliar o foco: não queria que fosse uma música presa a um recorte espaço-temporal, que viesse com data de validade" - explica o autor. 


Processo criativo

O compositor Juliano Guerra foi quem musicou "Olho da Rua". Pedro Cassel gosta do contraste entre os seus versos raivosos e a melodia pacata feita por Guerra. "A música é uma delicinha de ouvir. Por outro lado, teve gente comentando que se emocionou, lembrando dos tempos de quarentena, quando a rua era um destino impossível. Adoro as duas reações, porque elas revelam esse contraste" - destaca o artista. 



Letrux.Foto: YouTube



Outra participação, Juliano Guerra também contou com a voz de Letrux no disco "Boca Brava". Ele teve acesso a Letícia Novaes através da poeta Bruna Beber, que escreveu o poema e já lançado single de "Merthiolate", cantado por Letícia. "A Letrux ouviu no Whatsapp a minha versão musicada e disse para a bruna que gravaria uma participação. Fizemos tudo à distância, cada um da sua casa. Um ano depois, estávamos cantando juntos, num palco de Porto Alegre, e foi totalmente delicioso e inesquecível. Ela é uma referência para mim, não só pelo que produz, mas pela maneira como conduz a carreira e o sucesso que alcançou" - elogia. 

OcorreLab 

Conjunto de profissionais de diferentes áreas - vídeo, som, design, foto e produção, o OcorreLab recebe demandas de cada artista, numa parte específica de seu processo e a equipe passa a participar do trabalho conforme o combinado. No caso de Cassel, ele chegou com o álbum todo pronto, "só faltando mixagem, masterização e toda a organização do lançamento". "Minha colaboração com eles é criativa, mas não no sentido da composição musical. Estamos pensando o que é o artista Pedro Cassel, o que é o disco "Boca Braba" e como esses dois podem ser apresentados ao mundo da melhor maneira possível" - ressalta Cassel.

Acompanhe Pedro Cassel: 


https://linktr.ee/pedrocassel


https://www.instagram.com/pedro.cassel/


Ouça “Olho da Rua”: https://tratore.ffm.to/olhodarua


Assista ao lyric video “Galope”: https://youtu.be/L5rWTSS6e7w 



terça-feira, 6 de setembro de 2022

Lucas Vasconcelos e Mauro Santa Cecília lançam clipe de "Minha Flor"

  Música integra EP colaborativo dos artistas

Apesar de ser mais conhecido pelo trabalho com o Barão Vermelho e Frejat, o poeta e compositor Mauro Santa Cecília gosta de se arriscar em outras aventuras musicais. Para isso, juntou-se ao também compositor Lucas Vasconcelos - Letuce e Legião Urbana -, para lançar o EP "Lucas Vasconcelos e Mauro Santa Cecília", cuja pegada, de voz e violão, revela traços românticos, numa linguagem musical que traduz semelhanças e diferenças com os trabalhos anteriores de ambos. 

 

 

Foto: Eva Maria

 

Para Lucas, há algo de eterno no formato, já que esse aspecto é bem marcante e explorado nos projetos dos quais os dois fazem parte. "Canções serão sempre canções. E isso ainda me emociona muito. Acho que o arranjo acabou por quebrar um pouco isso e dar uma cor de trilha sonora, paisagem. Tem um movimento ali, que converge para esse olhar mais subjetivo, menos refém de um andamento" - ilustra.

 

Foto: Eva Maria

 

"Minha Flor" é o primeiro clipe da dupla, que, sob o olhar da diretora Marina Zabenzi, ganha uma perspectiva diferente e transformadora, ao traduzir a delicadeza da letra em imagens em preto e branco. Ela é a responsável por toda a concepção do vídeo; além da pesquisa de imagens, montagem e cor.

Mauro conheceu o trabalho de Marina através de um vídeo que ela fez para a Vogue Portugal. Foi ali que ele identificou "um olhar poético, elegante", e achou que combinaria com a canção. "O resultado foi o melhor possível. O elo entre o amor e as forças da natureza faz todo o sentido para mim, que hoje moro no meio do mato. Nada foi previamente combinado. Como disse meu parceiro Lucas Zabenzi, ela fez um pequeno/imenso filme lindo" - destaca. 

 


 

Mauro e Lucas

Vencedor do Prêmio Stanislaw Ponte Preta e autor de oito livros, entre poemas e romances, Mauro Santa Cecília tem músicas gravadas por nomes como Barão Vermelho, Frejat, Hyldon, Blues Etílicos, Picassos Falsos e Sideral. Em 2014, gravou o disco autoral “Vou à Vila”, com versões de alguns dos seus sucessos e inéditas. Lançou, em 2019, o álbum de samba “Hoje o dia raiou mais cedo”, com Agenor de Oliveira e Rogério Batalha, além das participações especiais de Ney Matogrosso, Nelson Sargento, Moacyr Luz e Frejat. Nos últimos tempos, tem composto com músicos diversos, como Henrique Portugal, Sergio Serra, André Abujamra, Humberto Effe, Mauricio Barros, Milton Guedes e o parceiro mais constante, Frejat. Além disso, está escrevendo a biografia do ex-ator e ativista canábico Ricardo Petraglia


Já Lucas Vasconcellos fundou, nos anos 2000, a banda Binario (2000-2008), com quem lançou quatro álbuns. De 2008 a 2016, se dedicou ao Letuce, resultando em três discos: “Plano de Fuga pra Cima dos Outros e de Mim” (2009), “Manja Perene” (2015) e “Estilhaça” (2016). Nessas duas décadas de música, trabalhou ao lado de artistas renomados, como Dado Villa-Lobos, Rodrigo Amarante, Lucas Santtana, Marcelo Jeneci, Tiê, Alice Caymmi, entre outros. Compôs trilhas para cinema e TV, culminando no prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Festival de Gramado para o longa-metragem “Riscado” (2011). Mas foi ainda em 2014 que Lucas começou a lançar seus trabalhos solo. Vieram então os discos “Falo de Coração” (2014), “Adotar Cachorros” (2015), “Silenciosamente” (2016) e “Teoria da Terra Plena” (2021). 

 





Tori lança single de "Descese" e se prepara para lançar álbum com parcerias consagradas

Primeiro lançamento solo, em cinco anos de carreira, o single de " Descese " - faixa título do futuro álbum de Tori (Vitória Nogue...