De pegada predominantemente eletrônica, feita a partir de samples,
beats e canto falado, o projeto musical Disstantes lançou, na última sexta (16), o clipe de "Mentiras (Faz Fake)". O vídeo, que atingiu cerca de 1000 visualizações, em apenas três dias, é fruto de uma ideia de base musical montada pelo guitarrista, vocalista, produtor musical e compositor Gilber T (Latinos Dançantes, Tornado) - um voltmix, clássico beat (batida) de Miami Bass, assimilado pelo funk carioca dos anos 1990 -, e faz críticas ácidas à vida efêmera propagada pelas redes sociais e à onda de fake news, que vem assolando o Brasil, nos últimos anos.
Após inúmeros testes,
com distintas formas de encaixar palavras e frases da música na batida, o vocalista, guitarrista e compositor Marco Homobono (Djangos, ex-Kamundjangos) - parceiro de Gilber no projeto - chegou com a ideia de um refrão
aparentemente ingênuo, que a dupla vislumbrara ter a função de um "Cavalo de Troia" para o assunto que queriam abordar. "Um mundo ficcional, onde o fato de algumas pessoas estarem
atrás de um computador ou celular, torna-as juízes, Messias e algozes
sobre assuntos da vida de tantas outras, que buscam apenas confirmar o querem ouvir" - destaca Gilber.
Marco
Homobono conta que as ideias para a música surgiram durante o
confinamento e o distanciamento social, com tudo feito à distância -
"daí o nome da dupla". Papo vai, papo vem, surtiu "o
famoso vamos fazer algo juntos". "E aí eu respondi: manda uma letra, uma
base, manda qualquer coisa. O Gilber mandou um beat sinistro que ele
tinha feito. De imediato, já coloquei letra e mandei. Ele também
escreveu a parte dele e daí nasceu a primeira música".
Ressurgimento criativo
Para Gilber T, a sociedade brasileira continuará vítima e propagadora de fake news, mesmo com a iminente derrota do atual presidente, em outubro próximo. O músico constata que, infelizmente, parte da população adotou essa prática. "Às vezes, parece que
vejo isso aplicado em demasia, nas questões que envolvam visualização e monetização de redes e plataformas. Até um click bait soa como
um fake "simpático", que algumas pessoas engolem. É um acontecimento
mundial, não é um fenômeno novo e, se dá dinheiro, se derruba governos,
ideias e culturas, quem sou eu para dizer? Mas, sim: é o parasita que se
hospedou nesse novo tempo" - reflete.
Gilber, que testemunhou amigos e artistas vendendo ferramentas de trabalho para comer, durante o auge da pandemia de Covid-19, ressalta que o Disstantes nasceu de uma tempo recente, em que vimos a morte próxima, circulando entre nossas famílias, num contexto nacional de ataques, que reforçaram um sentimento de banalização e dispersão cultural. "Havia muita depressão e desvalorização contínua de esforços criativos. Mas sinto
que as pessoas estão ávidas. Uma das frases de uma
letra do nosso álbum, que chega em fins de setembro, diz - "sobrevivendo à margem
do hype, fluxo criativo com ou sem like" - representa o
sentimento, não só do Diss, mas de todo mundo que vive o independente,
procura linguagem própria e abre seu caminho da melhor forma possível" - filosofa o guitarrista.
Parcerias
A cantora Dani Vallejo (Blastfemme) ficou
"muito feliz", ao ser convidada para cantar em "Mentiras".
"Aceitei logo de cara, tanto pela letra atual e necessária, como
pela parceria que temos. Fiquei muito honrada com o convite. Foi
muito divertido participar do clipe".
Dani Vallejo com a Blastfemme, no Circo Voador. Foto: Facebook |
Além de Gilber, Homobono, Dani e Serra, "Mentiras" contou com a
participação de Seu Cris (Estúdio La Cueva), na masterização, e de Maurício
Garcia Mauk (Mauk e Os Cadillacs Malditos e Big Trep).
obrigado pelo espaço e pela oportunidade, saulo.
ResponderExcluirhomobono.