segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Disstantes ecoa grito contra fake news em "Mentiras (Faz Fake)"

De pegada predominantemente eletrônica, feita a partir de samples, beats e canto falado, o projeto musical Disstantes lançou, na última sexta (16), o clipe de "Mentiras (Faz Fake)". O vídeo, que atingiu cerca de 1000 visualizações, em apenas três dias, é fruto de uma ideia de base musical montada pelo guitarrista, vocalista, produtor musical e compositor Gilber T (Latinos Dançantes, Tornado)  - um voltmix, clássico beat (batida) de Miami Bass, assimilado pelo funk carioca dos anos 1990 -, e faz críticas ácidas à vida efêmera propagada pelas redes sociais e à onda de fake news, que vem assolando o Brasil, nos últimos anos.
 
Marco Homobono e Gilber T. Foto: Isabel Valente e Carol Aranha

 
Após inúmeros testes, com distintas formas de encaixar palavras e frases da música na batida, o vocalista, guitarrista e compositor Marco Homobono (Djangos, ex-Kamundjangos) - parceiro de Gilber no projeto - chegou com a ideia de um refrão aparentemente ingênuo, que a dupla vislumbrara ter a função de um "Cavalo de Troia" para o assunto que queriam abordar. "Um mundo ficcional, onde o fato de algumas pessoas estarem atrás de um computador ou celular, torna-as juízes, Messias e algozes sobre assuntos da vida de tantas outras, que buscam apenas confirmar o querem ouvir" - destaca Gilber.
 
 
 

 
 
Marco Homobono conta que as ideias para a música surgiram durante o confinamento e o distanciamento social, com tudo feito à distância - "daí o nome da dupla". Papo vai, papo vem, surtiu "o famoso vamos fazer algo juntos". "E aí eu respondi: manda uma letra, uma base, manda qualquer coisa. O Gilber mandou um beat sinistro que ele tinha feito. De imediato, já coloquei letra e mandei. Ele também escreveu a parte dele e daí nasceu a primeira música". 
 
Ressurgimento criativo
 
Para Gilber T, a sociedade brasileira continuará vítima e propagadora de fake news, mesmo com a iminente derrota do atual presidente, em outubro próximo. O músico constata que, infelizmente, parte da população adotou essa prática. "Às vezes, parece que vejo isso aplicado em demasia, nas questões que envolvam visualização e monetização de redes e plataformas. Até um click bait soa como um fake "simpático", que algumas pessoas engolem. É um acontecimento mundial, não é um fenômeno novo e, se dá dinheiro, se derruba governos, ideias e culturas, quem sou eu para dizer? Mas, sim: é o parasita que se hospedou nesse novo tempo" - reflete.
 
Gilber, que testemunhou amigos e artistas vendendo ferramentas de trabalho para comer, durante o auge da pandemia de Covid-19, ressalta que o Disstantes nasceu de uma tempo recente, em que vimos a morte próxima, circulando entre nossas famílias, num contexto nacional de ataques, que reforçaram um sentimento de banalização e dispersão cultural. "Havia muita depressão e desvalorização contínua de esforços criativos. Mas sinto que as pessoas estão ávidas. Uma das frases de uma letra do nosso álbum, que chega em fins de setembro, diz - "sobrevivendo à margem do hype, fluxo criativo com ou sem like" - representa o sentimento, não só do Diss, mas de todo mundo que vive o independente, procura linguagem própria e abre seu caminho da melhor forma possível" - filosofa o guitarrista.
 
Parcerias
 
 
Imagem: Facebook

 


Parceiro dos Disstantes, o coletivo Rockarioca também surgiu durante a pandemia. Enquanto Gilber T e Marco Homobono gravavam singles, amadurecendo ideias para construir um álbum em esforço coletivo, o baterista e editor Pedro Serra - diretor do clipe de "Mentiras" - pavimentava um coletivo estruturado e organizado, com 25 bandas e artistas. "Sentimos muito orgulho desse sentimento de família. Um ajuda o outro, neste que é um movimento idealizado e formado por artistas independentes do Rio. O fato de o Rockarioca ter colocado músicas nossas para tocar e nos divulgar chama a atenção de outros meios. Considero o coletivo como um fomentador artístico de diferentes formas de expressão independente: música, artes plásticas, produção, arte digital, vídeo e informação" - elogia Gilber.  
 
A cantora Dani Vallejo (Blastfemme) ficou "muito feliz", ao ser convidada para cantar em "Mentiras". "Aceitei logo de cara, tanto pela letra atual e necessária, como pela parceria que temos. Fiquei muito honrada com o convite. Foi muito divertido participar do clipe".
 
 
 
Dani Vallejo com a Blastfemme, no Circo Voador. Foto: Facebook


 
Além de Gilber, Homobono, Dani e Serra, "Mentiras" contou com a participação de Seu Cris (Estúdio La Cueva), na masterização, e de Maurício Garcia Mauk (Mauk e Os Cadillacs Malditos e Big Trep).


 

Um comentário:

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