Segundo álbum do artista é fruto de produção acadêmica
Objeto de estudo de dissertação de mestrado em
Composição, na Universidade Federal da Paraíba, as oito faixas do álbum “Átrio”,
do pianista e compositor Renê Freire, revelam-se, também, como o desnudamento
da personalidade de seu criador.
Com cortes abruptos e algumas interrupções, a
primeira música “Myosotis” é um exemplo disso. Ela tem quatro partes
contrastantes. Renê buscou vários personagens na peça ou um único, “com uma
personalidade esquizofrênica”. Assim como “Myosotis”, as outras canções também dialogam
com vários momentos da vida do artista.
“A depressão é fio condutor de todas elas. O
álbum é, também, sobre como a doença atuou e atua em mim. Então, sim, o disco reflete
a minha relação com a vida e expressa as minhas questões sobre saúde mental” –
destaca o músico.
Fato é que a música pode ser uma aliada no tratamento de pessoas que
sofrem de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. No caso de Renê Freire,
ela o transformou, mas não porque os quadros depressivos desapareceram por
completo:
“Até porque eu tenho depressão crônica e não acredito na cura. Eu passei
a canalizá-los com a música e isso redirecionou o sentido da minha existência”.
Música e academia
O tema da dissertação de mestrado de Renê Freire é “Compositor
Performer: Processos Criativos Enquanto Performance e a Performance Como
Processo Criativo”. Nela, ele relata que existe, numa determinada cena
experimental brasileira, um compositor que difere daquele mais ligado ao
ambiente acadêmico, que compõe e não toca nenhum instrumento.
“Nessa cena, os compositores performam a sua própria obra – daí vem o conceito de Compositor Performer. Decidi falar sobre essa cena porque, de alguma forma, faço parte dela, especialmente no Recife. É também sobre como a performance moldou as minhas peças. Em suma, falo sobre a cena e o meu processo criativo” – relata o pianista.
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