terça-feira, 11 de outubro de 2016

Compositor contumaz, Thiago David poetiza o cotidiano em forma de música




Desde jovem, o publicitário Thiago David teve vontade de criar textos e músicas. Começou pela poesia e, no ensino médio, aprendeu a tocar violão. Passou a dominar alguns acordes básicos e partiu para a composição de canções. Durante o período da faculdade, já havia composto cerca de 70 músicas, feito alguns shows solo e outros, 27, com banda.

“A publicidade parecia ser o ambiente ideal para mim. Eu acreditava que teria um lugar que seria fundamentalmente criativo. Afinal, nada mais excitante do que viver de criar!” – resume, enganando-se mais adiante. Isso porque, para ele, por mais que o curso tenha sido “espetacular”, houve uma dificuldade para se adaptar ao “mercado”, porque, na verdade, trata-se de uma criatividade “muito restrita”:

“O mundo publicitário não é tão criativo quanto se imagina. As demandas de mercado acabam afunilando as criações para mensagens mais diretas. Afinal de contas, o cliente médio não quer bancar as peripécias de um criativo. Ele tende a ter um orçamento restrito e precisa de resultados”. 

Thiago então buscou dedicar-se mais à música, quando voltou de Salvador para o Rio, em 2014. Estava terminando seu primeiro EP - A realidade difusa do cotidiano -, com quatro canções: Quanta notícia, Abraxas, Solto e Pôr do Sol 6 da tarde.

O projeto seguinte foi "Um caminho para Santiago", que nasceu de uma peregrinação que o artista fiz nos últimos 200km do Caminho de Compostela, no norte da Espanha. Inspirado por um professor, o artista decidiu levar o violão para a caminhada e, já que estava com o instrumento, propôs-se a compor diariamente e escrever um diário sobre o processo. Resultado: nove dias e nove músicas.

“Poderia ter saído péssimo, mas acabou que as músicas foram muito bem recebidas pelos peregrinos e, depois, já no Brasil, pelos meus amigos. Assim, tomei coragem para produzir na melhor qualidade que me cabe” - disse.

Juntou-se com os músicos Tomas Gonzaga e Andrés Patiño Casasfranco, para gravar, e Ricardo Pitanga e Mario Martinho para fazer as artes a partir do conceito "O tempo do homem", que seria o tempo processual, diferente do tempo das máquinas:

“O tempo permite a produção sem a exaustão. Não há pressa nem imediatismo. Para andar 200 km, se caminha 23km por dia”.

Já que é assim, deleite-se:
Clipe "Mas que preguiça": https://www.youtube.com/watch?v=HClNnAq6ePY
Making of: Um caminho para Santiago: https://www.youtube.com/watch?v=2a9FZfiUpLU
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