sexta-feira, 28 de outubro de 2016

CMIND entrevista: Luiz Lopez, guitarrista de Erasmo Carlos

Foto: Divulgação.


O carioca Luiz Lopez chega ao segundo álbum solo trazendo inovação na gravação do primeiro single. Intitulada “Eu não quero desacreditar”, a canção usa as batidas do coração do músico em forma de percussão, para transmitir o próprio sentimento através do ritmo das pulsações. A faixa faz parte do álbum “Visceral”, que sai ainda este ano. Guitarrista de Erasmo Carlos desde 2009, a musicalidade de Luiz – que gravou as obras como cantor - se resume ao melhor dos anos 60, carregada de fortes influências como Raul Seixas e The Beatles. Conheça um pouco mais do trabalho do artista, nesta entrevista concedida ao Cena da Música Independente (CMIND). 

CMIND - Luiz, como surgiu a ideia da música "Eu não quero desacreditar"? De um contexto específico da sua vida como artista, da sua gana de continuar apostando nas possibilidades que a música oferece, em toda sua pulsação?

Luiz Lopez - Essa canção surgiu no meio de uma crise existencial. Aquele momento em que a gente se pergunta se toda luta está ¨valendo a pena¨. Ter conseguido transformar essa aflição em música foi a resposta. Está valendo, e muito!  A ideia de inserir as batidas do meu coração na música foi ótima; deu o ar intimista que eu queria, fazendo-me sentir muito ¨exposto¨, ao mostrar essa música para as pessoas e para mim. Isso tem sido desconfortavelmente maravilhoso.  

CMIND - Em duas canções de "Visceral" você gravou a voz completamente nu para pegar a energia certa e dar a dramaticidade necessária na interpretação. Na realidade em que vivemos, de tudo acontecendo em tempo real, ao mesmo tempo, agora, é importante o artista se desnudar da realidade sufocante do dia a dia, a fim de encontrar a própria essência, transcendendo essa "merda toda"?

Luiz Lopez - Acho que é por aí mesmo, nestes tempos em que tudo é muito rápido, imediato, no caso do Visceral, nós levamos meses e meses na produção do álbum, fizemos tudo com muita calma. O dia da gravação da voz, na minha opinião, é o mais importante. É a última chance que tenho de passar a mensagem como quero que chegue às pessoas. Precisava estar sentindo um certo desconforto para gravar as faixas ¨Doeu¨ e ¨Eu Não Quero Desacreditar¨. Então, a ideia de ficar nu na frente do pessoal que estava participando da gravação me proporcionou um estado de desvantagem (ou vantagem). Pude gritar com força e desespero e, enfim, ¨exorcizar¨ naquela gravação os sentimentos que me levaram a compor aquelas músicas.  

Foto: Divulgação.


CMIND - Você é guitarrista de Erasmo Carlos desde 2009. Conte-nos um pouco de como foi conhecer e tocar com o Tremendão…

Luiz Lopez - Sou um grande admirador do Erasmo há muito tempo! Em 2007, fui num show dele no Rio de Janeiro e, depois, do espetáculo, fui atrás do palco para tentar vê-lo de perto. Consegui pôr a mão no carro em que ele tinha ido embora - para mim foi uma baita vitória (risos)! O mundo deu muitas voltas, inimagináveis! Em 2009, eu recebo um telefonema do próprio Erasmo me convidando para tocar com ele. Não vou conseguir explicar a vocês em palavras a minha sensação! Conviver com o Tremendão é bem mais do que aprender com um cara que sabe tudo de música. É também um cara que sabe viver! Aprendo muito com ele a não se estressar com problemas pequenos! É um grande artista, mas antes disso é um grande homem, não só no tamanho (risos)! Quanto mais convivo, mais sou fã.  

CMIND - Luiz, após tocar com o Erasmo, você teve a oportunidade de dividir palcos e o estúdio com artistas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci, Paula Toller e o ‘Rei’ Roberto Carlos". Cada um deles exerceu uma colaboração significativa na sua musicalidade, atualmente. Qual - ou quais - deles institui um traço mais marcante no seu amadurecimento como artista, especialmente no seu novo álbum?  

Luiz Lopez - Acho que o mais lindo nesses artistas consagrados é a generosidade. São pessoas simples, que são especiais e amadas por um grande público, e isso não é por acaso. Aprendi, que música não é para se ouvir, tocar e cantar apenas: é para ¨sentir¨. Levei para o Visceral esse pensamento. Estou 100% de coração na composição e interpretação das músicas do álbum.

CMIND - Você gravou “Já não quero mais” no Abbey Road Studios - com os músicos Guto Goffi (Barão Vermelho) e Dadi Carvalho (Novos Baianos). Descreva um pouco da sua sensação de ter gravado no lendário estúdio dos Beatles?

Luiz Lopez - Pois é! ¨Já Não Quero Mais¨ foi o primeiro single que lancei em carreira solo. Para minha sorte, pude contar com essas feras da música nacional: o Guto e o Dadi foram maravilhosos comigo! Fizemos uma gravação bem Rock n Roll para a música. A masterização em Abbey Road foi um ¨mimo¨ que fiz para mim mesmo. Nunca sonhei em ter um trabalho que passasse pelo mesmo estúdio dos personagens quase mitológicos que são os Beatles! Fiquei eufórico quando chegou a master diretamente de Londres! Foi um ponta pé inicial incrível para minha carreira solo. E está tudo apenas começando!

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Instagram: @luizlopezbr


Entrevista realizada pelo jornalista Saulo Andrade

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