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O carioca Luiz Lopez chega ao segundo álbum solo trazendo inovação na gravação do primeiro single. Intitulada “Eu não quero desacreditar”, a canção usa as batidas do coração do músico em forma de percussão, para transmitir o próprio sentimento através do ritmo das pulsações. A faixa faz parte do álbum “Visceral”, que sai ainda este ano. Guitarrista de Erasmo Carlos desde 2009, a musicalidade de Luiz – que gravou as obras como cantor - se resume ao melhor dos anos 60, carregada de fortes influências como Raul Seixas e The Beatles.
Conheça um pouco mais do trabalho do artista, nesta entrevista concedida ao
Cena da Música Independente (CMIND).
CMIND - Luiz, como surgiu a ideia da música
"Eu não quero desacreditar"? De um contexto específico da sua vida
como artista, da sua gana de continuar apostando nas possibilidades que a
música oferece, em toda sua pulsação?
Luiz Lopez - Essa canção surgiu no meio de uma crise existencial. Aquele momento em
que a gente se pergunta se toda luta está ¨valendo a pena¨. Ter conseguido transformar
essa aflição em música foi a resposta. Está valendo, e muito! A ideia de
inserir as batidas do meu coração na música foi ótima; deu o ar intimista que
eu queria, fazendo-me sentir muito ¨exposto¨, ao mostrar essa música para as
pessoas e para mim. Isso tem sido desconfortavelmente maravilhoso.
CMIND - Em duas canções de "Visceral"
você gravou a voz completamente nu para pegar a energia certa e dar a
dramaticidade necessária na interpretação. Na realidade em que vivemos, de tudo
acontecendo em tempo real, ao mesmo tempo, agora, é importante o artista se
desnudar da realidade sufocante do dia a dia, a fim de encontrar a própria
essência, transcendendo essa "merda toda"?
Luiz Lopez - Acho que é por aí mesmo, nestes tempos em que tudo é muito rápido,
imediato, no caso do Visceral, nós levamos meses e meses na produção do álbum,
fizemos tudo com muita calma. O dia da gravação da voz, na minha opinião, é o
mais importante. É a última chance que tenho de passar a mensagem como quero
que chegue às pessoas. Precisava estar sentindo um certo desconforto para
gravar as faixas ¨Doeu¨ e ¨Eu Não Quero Desacreditar¨. Então, a ideia de ficar
nu na frente do pessoal que estava participando da gravação me proporcionou um
estado de desvantagem (ou vantagem). Pude gritar com força e desespero e,
enfim, ¨exorcizar¨ naquela gravação os sentimentos que me levaram a compor
aquelas músicas.
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CMIND - Você é guitarrista de Erasmo Carlos desde 2009. Conte-nos um
pouco de como foi conhecer e tocar com o Tremendão…
Luiz Lopez - Sou um
grande admirador do Erasmo há muito tempo! Em 2007, fui num show dele no Rio de
Janeiro e, depois, do espetáculo, fui atrás do palco para tentar vê-lo de
perto. Consegui pôr a mão no carro em que ele tinha ido embora - para mim foi
uma baita vitória (risos)! O mundo deu muitas voltas, inimagináveis! Em 2009,
eu recebo um telefonema do próprio Erasmo me convidando para tocar com ele. Não
vou conseguir explicar a vocês em palavras a minha sensação! Conviver com o
Tremendão é bem mais do que aprender com um cara que sabe tudo de música. É
também um cara que sabe viver! Aprendo muito com ele a não se estressar com
problemas pequenos! É um grande artista, mas antes disso é um grande homem, não
só no tamanho (risos)! Quanto mais convivo, mais sou fã.
CMIND - Luiz, após tocar com o Erasmo, você teve a oportunidade de
dividir palcos e o estúdio com artistas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes,
Marcelo Jeneci, Paula Toller e o ‘Rei’ Roberto Carlos". Cada um deles
exerceu uma colaboração significativa na sua musicalidade, atualmente. Qual -
ou quais - deles institui um traço mais marcante no seu amadurecimento como
artista, especialmente no seu novo álbum?
Luiz Lopez - Acho que o
mais lindo nesses artistas consagrados é a generosidade. São pessoas simples,
que são especiais e amadas por um grande público, e isso não é por acaso.
Aprendi, que música não é para se ouvir, tocar e cantar apenas: é para ¨sentir¨.
Levei para o Visceral esse pensamento. Estou 100% de coração na composição e
interpretação das músicas do álbum.
CMIND - Você gravou “Já não quero mais”
no Abbey Road Studios - com os músicos Guto Goffi (Barão Vermelho) e
Dadi Carvalho (Novos Baianos). Descreva um pouco da sua sensação de ter gravado
no lendário estúdio dos Beatles?
Luiz Lopez - Pois é! ¨Já Não Quero Mais¨ foi o primeiro
single que lancei em carreira solo. Para minha sorte, pude contar com essas
feras da música nacional: o Guto e o Dadi foram maravilhosos comigo! Fizemos
uma gravação bem Rock n Roll para a música. A masterização em Abbey Road foi um
¨mimo¨ que fiz para mim mesmo. Nunca sonhei em ter um trabalho que passasse pelo
mesmo estúdio dos personagens quase mitológicos que são os Beatles! Fiquei
eufórico quando chegou a master diretamente de Londres! Foi um ponta pé inicial
incrível para minha carreira solo. E está tudo apenas começando!
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Twitter: @luizlopezbr
Instagram: @luizlopezbr
Soundcloud: https://soundcloud.com/ luizlopezbr
Entrevista realizada pelo
jornalista Saulo Andrade
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