terça-feira, 9 de maio de 2017

Free Art resgata vidas e a cultura independente do Rio de Janeiro

Edição de novembro de 2016. Foto: Divulgação.
Nascido da necessidade de se apresentar novas possibilidades educacionais e culturais, o Free Art surgiu sob o signo da luta e da resistência popular. Rompendo paradigmas, o projeto - idealizado pelo produtor cultural Fagner Gabriel - vem, desde 2015, agitando a cena cultural independente do Rio de Janeiro. Tudo começou a partir do momento em que a professora Sandra Gueiros, de Santa Isabel, em São Gonçalo (RJ), perdeu todos os seus livros em decorrência das fortes chuvas que abalaram aquela cidade, em abril de 2015. O blog Cena da Música Independente (CMIND) resolveu conhecer de perto esta história. Confira!

CIND: O que é o Free Art?
Fagner Gabriel: O projeto nasceu da urgência de se mostrar novas possibilidades educacionais e culturais, apresentando soluções para a sociedade. Itinerante, ele desenvolve edições em diferentes lugares, apresentando novos contextos de atuação e buscando conscientizar as pessoas de alguma forma. A cada edição, apresentamos palestras sobre os mais diversos temas, shows de diferentes estilos musicais, exposições e poesia.
Fagner Gabriel. Foto: Facebook.
CMIND: Há quanto tempo você produz o Free Art, no Rio e na região metropolitana?
Fagner: Escrevi o projeto desdobrado em evento em 2013. À época, busquei alguns espaços e acabei não obtendo respostas positivas sobre fechamento de edições, fazendo com que, contra a minha vontade, ele ficasse adormecido por algum tempo. Em abril de 2015, o bairro Santa Isabel, em São Gonçalo, foi sacudido por fortes chuvas. Famílias inteiras perderam tudo - e uma reportagem no Jornal “Extra” mostrou uma foto da professora Sandra Gueiros, chorando por ter perdido todos os seus livros. Isto me deixou consternado e eu busquei ajuda, para que todos pudessem organizar mutirões ou algum show para ajudar. À época, uma conhecida comentou que me ajudaria, fazendo uma ponte com o espaço Metallica Pub, no Porto Novo, em São Gonçalo, para que pudéssemos fechar uma edição de algum evento. Convite feito, os donos aceitaram e marcaram a data para o dia 26 de abril daquele ano. Perguntaram-me sobre qual seria o nome do evento. Respondi imediatamente que já tinha um projeto escrito, ainda engavetado, denominado “Free Art”. Assim, acertamos a primeira edição, que teve apenas 11 dias para fecharmos a programação e realizarmos a divulgação nas redes sociais e com uma notinha no jornal. Conseguimos muitas doações. A maioria, de livros, doados a Sandra. Com isso, pudemos levar um pouco de alegria e possibilidades aos alunos da comunidade e alívio para a família dela. A partir daquele evento, comecei a realizar edições mensais, sempre com um contexto de conscientização e levando debatedores dos mais diferentes contextos de atuação para conversarem com o público na abertura de cada edição. Em 2016,organizamos duas edições no Rio. A de novembro, no Áudio Rebel, em Botafogo, e em dezembro no Motim 302, no Centro da cidade.

CMIND: Quais são os maiores obstáculos de se produzir música e cultura independente no Brasil?
Fagner: Um dos maiores obstáculos é a busca por patrocínios. Enviamos e-mails com propostas detalhadas e ricas em possibilidades, mas nem sempre ou quase nunca obtemos retorno. O Free Art busca patrocínios, pensando em crescer ainda mais, desenvolver novas parcerias para que, com isto, possamos pagar cachê às bandas e demais atrações participantes; além de realizar divulgações ainda mais ricas e pagar toda a equipe de apoio: fotógrafo, designer, produção e gravação. Com isso tudo, poderíamos criar um legado para a cena cultural Brasileira, agindo como pequenas guerrilhas em cada lugar; desenvolvendo múltiplos eixos norteadores que possam surgir a partir das conscientizações de cada edição.

Imagem: Divulgação.
CMIND: Quantos artistas da cena musical independente já foram beneficiados pelo Free Art?
Fagner: Antes de falarmos sobre bandas e músicos, devemos relatar e a história do jovem poeta Lucas Coutinho, que aos 18 anos recitou suas poesias pela primeira vez numa edição do Free Art. Ele disse, ao microfone, que o projeto salvou sua vida, já que passa por muitos conflitos em casa com os pais e estava começando a pensar num possível suicídio. Bailarina e professora, a cantora Bella Deolli participou de duas edições e, um ano depois, veio me agradecer por ter acreditado em seu potencial. Com a oportunidade que demos, ela começou a ser solicitada para diversas apresentações, em diferentes espaços.


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