Imagem: Divulgação |
O Sê-lo! NetLabel, de
Salvador (BA), lança, física e virtualmente, artistas que apostem na invenção e
na ousadia. Abrange desde a seara mais radical de estilos, como o free jazz, o
noise e a sound art, até trabalhos de carácter pop, folk e cancional, que
estejam se arriscando e testando os limites dos gêneros musicais. O disco instrumental
“Roda”, do Lanca, é o mais novo lançamento do Sê-lo! Confira a entrevista com o
diretor artístico Edbrass Brasil!
CMIND: Vocês já chegaram a lançar outros
artistas? Se sim, quais?
Edbrass Brasil: Sim, este é o
nosso sétimo lançamento. Lançamos cinco artistas da Bahia, um de São Paulo e
outro do Rio de Janeiro. No nosso site, www.selonetlabel.com.br,
pode-se encontrar mais informações, inclusive o link do bandcamp para download
streaming, na sessão "catálogo".
André Borges, do Saxcretino. Foto: Divulgação |
CMIND: Como você percebe o mercado para a música
instrumental, alternativa e independente na Bahia e no Brasil?
Edbrass Brasil: É inegável que,
nos últimos 15 anos, houve uma profusão de selos independentes no Brasil; todos
focados em gêneros musicais diversos, mas com um enfoque nas produções
independentes, variando entre rock alternativo, eletrônico, jazz e aqueles que
investem em produções mais obscuras, mais radicais em termos de linguagem, a
exemplo do noise, música experimental, eletroacústica e Arte Sonora. Nos anos
80 predominavam no eixo Rio e SP, mas com o advento das novas tecnologias, podemos
citar experiências vitoriosas de Norte a Sul do Brasil. Esse aspecto de
descentralização da produção e distribuição só favorece o aparecimento de novas
propostas artísticas, que trazem consigo, muitas vezes, características outras,
lidando com informações e signos ligados aos seus diversos territórios
culturais.
Apesar da falta
de investimento das iniciativas públicas e privadas, esses coletivos ou
iniciativas isoladas vêm movimentando e difundindo um tipo de produção que não
circulava pelos meios de comunicação mais tradicionais. Daí que, além de lançar
discos, esses selos organizam festivais, criam blogs, revistas, muitas vezes de
forma colaborativa. Vejo um caminho muito bom pela frente, principalmente no
que diz respeito a uma outra forma de produzir, menos autocentrada e mais
aberta a colaborações. É comum, não só na Bahia ou no Brasil, mas pensando na
América Latina também, uma certa tradição em lançamentos compartilhados, o que
facilita e muito a circulação da obra que está sendo divulgada.
Orlando Pinho. Foto: Divulgação |
Falando em
Bahia, existe uma movimentação ao largo da indústria do entretenimento que
aposta nessas fissuras da música massificada, tensionando a relação entre arte
e entretenimento, forçando as barreiras entre os gêneros musicais e as
linguagens artísticas, destacando os projetos Low Fi - Processos Criativos,
Dominicaos e Plataforma Largo.
No Brasil,
podemos destacar os selos Seminal Records (MG), Desmonta (SP), Plataforma
Records (RS), Estranhas Ocupações (PE), Propósito Records (GO), Al Revés (SP),
Quintavant (RJ), dentre muitos outros. Quantos aos Festivais, vale de ficar de
olho no FIME e no Novas Frequências.
CMIND - Qual o diferencial do Sê-lo para outros selos do
mercado?
Edbrass Brasil: Acho que o diferencial que estamos estabelecendo é uma linha
curatorial que abarca desde projetos mais radicais, como os nossos três
primeiros lançamentos (Invocações, Beto Junior e Radio Diaspora), que estão na
faixa do que chamamos de música exploratória, com ênfase na arte sonora,
voz-música e free jazz, até propostas mais afeitas ao formato canção (Reverendo
T. e Laia Gaiatta).
O foco do nosso
trabalho está na distribuição digital dos discos, mas também produzimos mostras
- como "Mostra de Música Experimental da Bahia", que ocorreu em São
Paulo no mês de outubro -, ações formativas, fanzines e produzimos e gerimos as
nossas próprias carreiras artísticas.
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