terça-feira, 20 de setembro de 2022

Sonoridade eclética e de poética feminista marcam novo single de IOYTE: "Revés"

Após o sucesso do lançamento do single de estreia, "Hour of the Birds" - eleito melhor clipe independente de maio de 2022 -, Tainá Medina e Christian Dias (IOYTE) lançam "Revés", no que pode ser considerado um aperitivo do primeiro EP do casal. Propondo algo incomum no mercado da música brasileira atual - que privilegia mais o pop, o funk e o sertanejo -, a mistura e o ecletismo sonoro da dupla salta aos olhos.

Foto: Juan Cifuentes


Isso porque a beleza de "Revés" se deve ao fato de haver algo de Baden Powel e Vinícius de Morais numa música que se alia à necessária mensagem do empoderamento feminino, em voga na nossa sociedade.

Escrita em 2016, a faixa "veio do processo de olhar para certas feridas mais profundas e querer transformá-las, ser mais forte". Tainá Medina destaca que toda composição é atravessada pelas músicas que escutamos, ao longo da vida. Para ela, existe algo da "ordem do invisível", onde dialogamos com todos que vieram antes de nós. "É uma música que deseja fazer essa ponte. É muito íntima. Surgiu como uma oração, para acalmar o coração da minha mãe, para empoderar mulheres como ela, que dedicaram suas vidas à família e que, depois, sofrem um processo de solidão muito cruel" - explica Medina.


Divulgação


Bossa nova e rock and roll, para além da própria bolha musical


Musicalmente, a artista avalia que os afro-sambas entraram como uma grande referência para "Revés", quando a dupla voltou a trabalhar na canção. Além de "beber muito em Dorival Caymmi", há também "uma atmosfera alienígena, etérea", de músicas como as da Bjork, e um rock pesado dos anos 90. "A gente gosta muito de mistura" - salienta Medina, acrescentando não haver como furar bolhas diversas daquelas que estamos habituados a circular. "A ideia é apostar em tentar criar obras com as quais as pessoas se identifiquem e criem um vínculo emocional, que não seja tão passageiro quanto a última dancinha". 

A musicista reflete que, em meio a vários lançamentos por dia, atualmente, é "muito difícil" fazer qualquer tipo de música chegar nas pessoas, porque o acesso à tecnologia democratizou a produção musical e dificultou que artistas se destaquem, "em meio a tanta coisa". Ela destaca que seu objetivo é criar uma base de fãs solida, mesmo que em números ainda pequenos. "Principalmente porque os algoritmos seguem critérios muitas vezes visuais. É muito triste perceber que os artistas estão sendo obrigados a se tornarem criadores de conteúdo, ao invés de dedicar tempo e energia ao seu processo criativo. Essa demanda incessante de lançamentos regulares vai à contramão do cuidado e a paciência que o processo criativo e de gravação demandam". 


Um comentário:

  1. O perfeccionismo e a percepção do cuidado no conteúdo musical são facilmente percebidos e mostram claramente o alto nível das produções…bom de fechar os olhos e escutar 🎖

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